Testemunhos
André Pinto
FCT - UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
O tema da minha tese foi “Deep Learning for multi-seizure detection on single-lead frontal EEG”. Quanto à escolha do teu tema, eu tinha definido à partida que queria fazer a tese fora de Portugal e portanto comecei a sondar várias faculdades por possíveis temas. A KU Leuven apresentou-me uma lista de temas interessantes, do qual este foi o que mais gostei pois involvia Deep Learning e era aplicado à saúde (particularmente Epilepsia, que era um tema que já tinha explorado num projeto de Eletrofisiologia).
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
O meu primeiro contacto com eles foi durante o 4 ano da faculdade, no entanto os temas da tese só foram lançados em Maio (final do 4 ano). Isto pois habitualmente na KU Leuven as teses duram 1 ano e começam em Setembro. No entanto, eles têm também a possibilidade de fazer teses de 1 semestre e foi isso que fiz. Portanto, o que eu recomendaria para alguém que estivesse a pensar fazer a tese fora, é começar a entrar em contactos durante o final do 4 ano para perceber como funcionam os processos nos diferentes sítios e os diferentes timings.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas e como obtiveste a bolsa de estudos?
Assim que fui aceite na tese que escolhi pela minha orientadora na KU Leuven, o que se seguiu foi tratar da formalização do Learning Agreement e da proposta de tese (que tem de ser aceite pela coordenação do curso). Isto ocorreu tudo durante Junho do meu 4 ano, uma vez que tinha de ter o Learning Agreement pronto até 24 de Junho para poder concorrer à bolsa. Pelo que me lembro as bolsas são atribuídas por ano letivo, e como eu pretendia usufruir da bolsa no segundo semestre, tive de me candidatar nessa altura. Unicamente o Learning Agreement tem de ser aceite a tempo para concorrer à bolsa. Lembro-me que a proposta de tese só foi aceite pela coordenação durante o 1º semestre do 5º ano. E em termos de burocracias diria que este ínicio do processo com o LA e a proposta de tese foi o mais chato. De resto não houve mais burocracia. Unicamente a submissão do traineeship certificate no final do período de acolhimento, que requer uma avaliação qualitativa da parte do supervisor
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Infelizmente, devido à pandemia do Covid-19, o meu período fora foi interrompido abruptamente. Acabei por estar na Bélgica durante cerca de pouco mais de 1 mês, tendo continuado o resto da tese em Portugal remotamente. Nesse sentido, acabei por não usufruir de muitas das vantagens conhecidas dos programas Erasmus+. No entanto, mesmo remotamente, tive bastante acompanhamento da parte da minha orientadora e dos tutores, que estavam envolvidos no meu projeto da parte da KU Leuven.
Acho que fazer a tese fora de Portugal pode ser particularmente interessante porque mostra um pouco como funciona o ambiente de investigação naquela universidade e também no próprio país de acolhimento. Pode também funcionar como uma via aberta para um doutoramento no seguimento do projeto. E evidentemente, a oferta é muito maior com o alargamento de horizontes. Eu tinha pesquisado os temas das teses dos anos passados em MIEB na FCT e nenhum me atraía particularmente, e sabendo eu que gostava de fazer uma tese em Deep Learning, acabei por procurar noutros sítios. A única desvantagem diria que é mesmo a burocracia envolvida. Requer paciência, cumprimento de várias deadlines. Mas apesar de tudo compensa sem dúvida a experiência
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Conselho geral para quem pretende fazer a tese fora: façam as coisas com antecedência, pesquisem e descubram os prazos corretos. E também, façam questões. A secção de mobilidade existe para vos ajudar, tal como o coordenador de Erasmus do curso.
João Loureiro
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
A minha tese foi sobre monitorização não invasiva de parâmetros hemodinâmicos. Sabia que queria trabalhar em algo mais próximo dos cuidados de saúde e, tendo em conta as competências que adquiri, parecia adequado.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
A coordenação do nosso curso disponibiliza um conjunto de tópicos e as suas descrições (e contactos) aos alunos do primeiro ano de mestrado. Ao olhar para todas as opções é notável toda a variedade de temas e instituições com as quais podemos trabalhar. Após contactar os orientadores, candidatei-me junto da coordenação do curso e foi-me atribuído.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Fiquei bastante surpreendido com a facilidade com que o processo se tratou. Para todos os efeitos, o facto de eu ter estado no estrangeiro não implicou nada por parte da minha universidade e todas as burocracias foram tratadas com a empresa e entidades públicas do país onde realizei a tese (contrato de estágio e permissão de residência)
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto empresarial internacional?
Há todo um mundo de vantagens em fazer a tese em contexto empresarial, ainda mais se for noutro país . Contactos, experiência em contexto laboral/industrial, e conhecer em primeira mão outras realidades são, eu diria, as principais. Claro que tudo isto implica também muito mais cuidados e responsabilidades. Para mim a única desvantagem é mesmo o ir para outro sítio sem o apoio imediato ao qual possamos estar habituados.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
De facto foi possível obter duas bolsas. Tinha uma remuneração por parte da empresa e consegui bolsa de mobilidade ERASMUS. Enquanto que a primeira foi automática, tive que desencadear o processo da segunda com os serviços internacionais da minha universidade. A partir daí foi só cumprir os requisitos a nível de documentos e foi uma mobilidade outgoing normal.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O meu primeiro conselho é manterem a mente aberta. Estes processos não são tão complexos quanto posso parecer e, na minha opinião, mais que vale o esforço. Em segundo, não tenham problemas e falar com colegas, professores e empresas para perceber onde estas oportunidades existem.
João Dias
UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Eu não tive oportunidade de fazer erasmus no 4º ano, aquele em que a malta vai fazer cadeiras ao estrangeiro, viajar e conhecer outras culturas e sempre tive a vontade de ter uma experiência internacional mais ainda pelos benefícios que teria para o meu futuro profissional, a nível de soft skills e visibilidade curricular. Descobri então que o programa Erasmus tem uma vertente de estágios que muitos dos meus colegas de anos passados usaram para fazer a sua tese no estrangeiro. O programa Erasmus estágios direciona-se tanto para fazer estágios em empresas ou universidades e centros de investigação e é esse estágio através do qual podem fazer tese! . A minha tese com o título “A Study on Bending Stiffness Characterization of Biohybrid Microrobots using External Magnetic Actuation” foi realizada no Surgical Robotics Laboratory da Universidade de Twente e basicamente consistiu em aplicar campos magnéticos a células revestidas com nanopartículas excitáveis e fazer com se locomovessem. Como este, há bastantes outros temas de tese nesta área e com outro tipo de microrobots, para além de se poder trabalhar com várias outros investigadores e universidades da europa.
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Este mesmo programa Erasmus Estágios tem requisitos muito bem clarificados, deadlines e outras informações que precisamos de submeter ao fazer a candidatura. Uma das coisas mais importantes é o prazo de submissão, que na Universidade de Coimbra é até 31 de janeiro. Por isso, se alguém quer fazer a tese no estrangeiro do ano letivo, por exemplo, 2024/2025 tem até janeiro de 2024 para submeter a respetiva candidatura, ou seja com um ano de antecedência, mas creio que universidades diferentes têm métodos e deadlines diferentes pelo que aconselho a informarem-se com cuidado.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Outra coisa muito importante também a submeter na candidatura é o tema do estágio, no meu caso o tema da minha tese. A minha estratégia passou por investigar os sites das universidades onde os meus colegas vão fazer o seu “erasmus normal”, ou seja, aquelas que têm protocolo com a minha universidade. Durante essa investigação basicamente encontrava o contacto dos professores responsáveis pelos centros de investigação ou laboratórios das áreas que me interessavam (robótica e instrumentação médica) e depois enviava-lhes um email a questionar acerca da existência de projetos de tese de mestrado em que eu pudesse trabalhar.Obtive respostas positivas pouco tempo depois de entrar em contacto com os professores, e depois disso submeti a candidatura. Do que me lembro ainda são precisas bastantes informações, mas foi tudo relativamente simples, foi literalmente preencher um formulário.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Mais tarde, quando a candidatura foi aceite, recebi um email da Universidade de Twente, onde fiz a tese, que também tem os seus requisitos para alunos estrangeiros, para proceder à candidatura no seu site. Um dos requisitos mais importantes é o exame de inglês, que também tem de ser tratado com a devida antecedência porque a entrega do diploma pode demorar. Eu fiz o TOEFL porque na altura era o que me entregava o diploma a tempo, mas o IELTS costuma ser mais fácil e acessível.
No fim do estágio, há relatórios a preencher, tanto da minha universidade, como a de Twente e ainda do próprio programa Erasmus, mas também nada de extraordinário.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
O bom ainda de fazer a tese pelo programa Erasmus é que também temos acesso à bolsa que o programa disponibiliza, o que é uma grande ajuda a nível económico até porque na maioria dos países europeus o custo de vida é bem mais caro. Outra bolsa que também tive acesso foi à do Santander Global, mas nem todas as universidades do país têm essa parceria e quem sabe até poderão ter outras.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Quanto a vantagens e desvantagens, eu diria que a maior vantagem em fazer a tese no estrangeiro é que tens a possibilidade de trabalhar um tema bastante fora do comum em Portugal, eu por exemplo trabalhei na área da microrobótica. Para além dos contactos que fazes com um vasto número de pessoas de vários países a nível profissional, também tens a oportunidade de viajar e conhecer outras culturas e pessoas num ambiente mais informal e divertido. Diria ainda que outra vantagem é o facto de recebermos a bolsa que mencionei acima Quanto a desvantagens, eu diria que não há: se tiverem uma mentalidade aberta a coisas novas, independentemente de azares que eventualmente possam acontecer, irão levar esta experiência como algo realmente espetacular.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O meu conselho a quem vai fazer a tese é que se tiverem a oportunidade de a fazer no estrangeiro que o façam, que não desistam a meio do processo porque as aventuras e memórias que terão acabarão por compensar!
Simão Santos
UNIVERSIDADE DO MINHO
O tema da minha tese foi sobre o desenvolvimento de um biossensor para a detecção de biomarcadores para DPOC.
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Eu comecei a tratar do meu processo de Erasmus assim que foi possível. Já foi há algum tempo, mas na altura comecei a tratar de tudo no ano anterior à saída. Assim que os professores ou o gabinete de Erasmus começaram a mencionar a possibilidade, eu dediquei-me a encontrar a posição e projeto certo.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Na altura foi o Professor que estava dedicado ao Erasmus que fez uma apresentação com as várias hipóteses de Erasmus.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Sendo que o meu Erasmus foi normal, o protocolo já estava criado. Neste sentido, só tive de seguir o processo normal. Tive de criar os learning agreement e os PRA e assinar os protocolos tanto na Universidade do Minho como na USN na Noruega.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
Obtive somente a bolsa normal que o Erasmus providencia.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
A meu ver, as vantagens são a possibilidade de estabelecer novos contactos e abrir horizontes para o futuro. Neste sentido, podes sair da tua zona de conforto, e para além de trabalhares numa tese científica, trabalhas também em ti próprio. Desvantagem são, talvez, o aumento da burocracia, mas que com o acompanhamento certo também não dá assim um trabalho muito extensivo.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O meu conselho é que, no caso de fazerem uma tese de mestrado, analisem bem o projeto e a universidade em que o vão fazer. É a única maneira de perceber se, no sentido profissional, vão de facto tirar o máximo da experiência.
Patrícia Barros da Silva
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
Realizei a tese no Karoslinka Institutet em Estocolmo em 2015, no laboratório da Molly Stevens, com o tema ‘The role of the cryptic basement membrane during the epithelial–tomesenchymal ransition’. O objetivo passou por desconstruir o efeito biológico de um fragmento da Laminina-111 na transição epitélio-mesenquimal que contribuiu para a publicação ‘Preventing tissue fibrosis by local biomaterials interfacing of specific cryptic extracellular matrix information’ na Nature Communications. Durante o período de planeamento e decisão sobre onde fazer a tese, o meu foco foi em quem me inspirava e com quem queria aprender, e foi assim que encontrei a Molly Stevens, que continua, até hoje, a ser a minha inspiração. Foi ela que me sugeriu trabalhar neste projeto com a minha orientadora, Christine-Horejs, no laboratório que estavam a começar no Karolinska. Sendo o meu background em Engenharia Biomédica, foi necessário um período de aprendizagem para conseguir contribuir e desenvolver um projeto orientado para Biologia celular e molecular, mas que rapidamente virou uma paixão e foi o tema que continuo ainda hoje a trabalhar.
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Eu comecei a contactar a Molly quase um ano antes de começar a minha tese de mestrado e só obtive resposta 3 meses antes de ir, quando já tinha tudo planeado para ir para a Universidade Católica de Leuven, que acabei por rejeitar. Da minha experiência, um ano antes é o ideal pois, possivelmente, terão de insistir bastante até obterem uma resposta.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Fui completamente autodidata e é o método que recomendo. Na altura, todos os alunos da minha turma pediram apoio e contactos à nossa professora Ana Leite, contudo as opções não me cativaram. Desta forma decidi começar a primeira procura pelas melhores universidades do mundo e focar-me na área de Bioengenharia. Até descobrir a hipótese da Imperial College of London e da Molly Stevens, considerada, pelo The Times, uma das Top 10 cientistas do UK com menos de 40 anos.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Quando recebi uma resposta positiva da Molly, apenas tive de enviar o learning agreement para a minha supervisora Christine Horejs que tratou de preencher a parte do grupo que me iria receber com aprovação do departamento em que o grupo estava inserido no Karolinska, o MBB- Department of Medical Biochemistry and Biophysics.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
Obtive a bolsa de estágio do escalão máximo devido ao país. A parte burocrática da bolsa foi tratada pela coordenadora de mobilidade da minha faculdade.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Fazer a minha tese fora do país foi sem dúvida a melhor decisão que podia ter tomado à data. Começando pelas vantagens, a Suécia é um país maravilhoso para quem gosta de países nórdicos como eu. A faculdade tem condições excecionais, muito orientadas para o bem-estar dos alunos, como palestras semanais com almoço incluído, fruta e café gratuito, bares de departamentos da faculdade que promove convívios todas as semanas, ginásio com personal trainer aberto 24h, sauna, e sala de luz e de descanso. Além do mais tem uma bolsa de apoio, no valor de 1000 euros mensais, a alunos de mestrado que realizem a tese , no entanto eu apenas tive conhecimento depois. O grupo onde trabalhei era maravilhoso, apesar de pequeno (no início éramos apenas 3), mas inserido num departamento incrível que me apoiou e sem a ajuda deles seria impossível. Além do mais o apoio e confiança da Christine e da Molly foram fundamentais para a minha prestação e bem-estar durante esta tese. A parte menos fácil é sem dúvida a adaptação a uma cultura e clima completamente diferente do que estamos habituados. É, biologicamente, um desafio. O Erasmus estágio sem parceria com a Universidade fez com que não fosse integrada na Welcome week e não tivesse acesso a student housing, o que dificultou o contacto social numa fase inicial.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Numa primeira fase aconselho a perceberem o que vos cativa e o que mais valorizam: o conforto, a independência ou a aventura. Depois é importante escolherem alguém que vos motive e seja um role model. Por fim, a decisão do tema também é relevante. Por um lado deverá ser motivador para quem o escolhe e por outro lado ser um tema com futuro e relevância no longo prazo. Algo difícil de ter a certeza na ciência, mas que certamente seria a cereja no topo do bolo.
Marta Rosadas
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
A minha tese teve como tema o desenvolvimento de abordagens para tratar o cancro da pele através da nanotecnologia. No meu trabalho elaborei, juntamente com os meus orientadores, nanoparticulas para a encapsulação de um fármaco para potencializar a sua absorção. Paralelamente, criamos um modelo celular 3D de cancro da pele onde foi testada a eficácia das nanoparticulas.
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Penso que no mínimo um semestre será preciso para organizar tudo. No meu caso, eu e a minha colega que veio comigo, começamos a planear com um ano de antecedência e penso que foi o timing perfeito.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Sempre me agradou bastante a ideia de ter uma experiência no estrangeiro. Dentro da minha faculdade desde o primeiro ano de licenciatura que fomos informados sobre essa possibilidade e ouvimos testemunhos de alunos que já tinham feito e do quão bom tinha sido. Como em mestrado temos de fazer a nossa tese, achei super interessante fazê-la fora de Portugal. Para me candidatar, recorri ao gabinete de serviços de mobilidade e relações internacionais da minha faculdade que me ajudou imenso. Fui através do programa Erasmus+. Para alunos de mestrado, apesar da ajuda, a procura por uma instituição é feita pelo aluno. Então contactei várias instituições que me agradaram, discuti os projetos que estariam disponíveis em cada uma, e finalmente escolhi a que mais me agradou.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
A ajuda dos serviços do gabinete de estudantes e mobilidade foi essencial para tratar de toda a burocracia neste processo. Inicialmente foi necessária a aprovação por parte do instituto, após a mesma foi desenvolvido um plano de trabalhos por parte da minha orientadora. Da parte da faculdade, foi necessário comunicar com a Professora que coordena a cadeira de tese de mestrado em engenharia biomédica, e entregar-lhe o plano de trabalhos para verificar se estava de acordo com os objetivos da cadeira. O instituto de investigação onde estive já tinha acolhido uma aluna da minha faculdade anteriormente, por isso a universidade e o instituto já tinham uma ligação estabelecida previamente facilitando o processo.
A meio e no final da estadia tive apenas de preencher um documento relacionado com a bolsa Erasmus.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
Sim, tive uma bolsa Erasmus. Para a sua obtenção o gabinete de estudantes e mobilidade submeteu a minha candidatura à bolsa.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Fazer a tese em contexto internacional permite-te sair da tua zona de conforto e crescer imenso a nível profissional e pessoal. Para além de melhorar as tuas capacidades práticas profissionais, desenvolves soft skills que serão valiosas no teu futuro profissional. Para além disso, tens a oportunidade de viajar, estar imerso na cultura de outro país e conhecer pessoas fantásticas. Não consigo encontrar desvantagens nesta experiência.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Acho que o melhor conselho que posso dar é organizares bem o teu tempo. A estadia lá passa muito rápido e planear o trabalho é essencial. Organizar o teu tempo vai fazer com que tires o máximo proveito do teu tempo de trabalho e lazer. Recomendo também que procures a associação ESN (Erasmus Students Network) da região onde estiveres, pois encontrarás outros estudantes estrangeiros e poderás participar em atividades muito divertidas.
Mariana Coutinho
UNIVERSIDADE DE AVEIRO
No meu caso, não foi uma tese, mas sim um relatório de estágio. No documento final é possível ler um resumo acerca da empresa que me acolheu, uma explicação de alguns projetos em que trabalhei e dos seus resultados. Estes projetos estavam relacionados com inovação em saúde, e alguns aspetos foram suprimidos por questões de confidencialidade. O meu interesse está relacionado com a possibilidade de experienciar o ambiente empresarial, e contribuir para o desenvolvimento de produtos biomédicos que possam fazer a diferença na vida de muitos pacientes.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Procurei vagas em empresas que pudessem receber estudantes e, após muitos currículos enviados e muitas entrevistas, acabei por ficar na Siemens Healthineers na Alemanha.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Comuniquei com o Gabinete de Relações Internacionais da Universidade de Aveiro e acabei por ir ao abrigo do programa Erasmus+, na categoria de estágio curricular. Como tal, foi necessário que a empresa assinasse os documentos pedidos pela Universidade, antes e depois do estágio. Para além disso, assinei um contrato de trabalho com a Siemens.
Obtiveste uma bolsa ou tiveste estágio remunerado? Se sim, qual foi o processo?
Tive acesso à bolsa de Erasmus+, e ainda ao salário da Siemens Healthineers (daí a necessidade de um contrato de trabalho). O processo foi o descrito anteriormente.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto empresarial?
O modo como a inovação é feita num contexto empresarial é totalmente diferente do que aprendemos no rigoroso meio académico. Isto leva-nos a lidar com problemas de engenharia que requerem um pensamento mais realista e prático, o que considero ser uma perspetiva muito importante de se ter, preferencialmente ainda antes de concluir o curso. Creio que a maior desvantagem é todo o processo burocrático que está associado a uma experiência destas, além da própria procura do estágio e candidatura (muito semelhante à procura de emprego, na minha situação).
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Pensar verdadeiramente o que nos motiva e o que achamos mais interessante, além do tipo de carreira que pretendemos levar. No meu caso, sabia que não gostaria de seguir uma carreira no meio académico (como Doutoramento) e, por isso, decidi aventurar-me e tentar algo novo e fora da minha zona de conforto, que também me pudesse “abrir várias portas” no futuro.
Joana Carolina Brites
FCUL - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O tema da minha tese foi: “IMPROVING REHABILITATION THROUGH EXOSKELETONS: Pipeline for biomechanical analysis and user experience.” Numa primeira abordagem, gostava de ter realizado a tese numa ONG. Estive em contacto e prestes a realizar a minha tese com a “Mercy Ships”, mas acabou por não ser possível por estarem em reestruturação no ano da minha tese. A 3 dias de ter de submeter todos os papéis para a bolsa Erasmus +, decidi que tinha de alargar o meu horizonte. Para além de organizações não governamentais, sempre gostei da área de reabilitação robótica, sendo que o meu primeiro estágio foi no Centro de Reabilitação de Alcoitão, na área de próteses e ortóteses. Enviei emails para mais de 15 laboratórios de reabilitação na Europa e em menos de 12h tive um email de confirmação. Sorte ou não, acabei por ficar nesse laboratório (Rehabilitation Research VUB em Bruxelas).
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Confesso que sou uma pessoa que gosta de ter tudo planeado e organizado o mais cedo possível, por isso não sei se o tempo que vou dizer será exagerado. Eu comecei a procurar oportunidades por volta de 4 meses antes de submeter os papéis do Erasmus +, ou seja, 10 meses antes do começo do estágio.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Fiz uma pesquisa na internet para descobrir empresas/laboratórios/organizações dentro das áreas que gostava. Depois de ter uma lista, fui enviando individualmente candidatura espontânea com CV e carta de apresentação. Se não me respondessem, enviava um segundo email como reminder uma semana depois.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Tudo começa por pedir a um professor para ser o teu orientador interno. Por volta de março é necessário entregar uma carta de confirmação do sítio onde ia fazer a tese. O passo seguinte foi entregar o plano de dissertação em dezembro. Por fim, tive de submeter a tese em setembro.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
Sim, obtive a bolsa Erasmus +. Para obter a bolsa precisei de me mostrar interessada em dezembro do ano anterior à realização do meu estágio. De seguida, como já referido, tive de entregar em março uma carta de confirmação da minha instituição em como a tese se ia realizar. Em setembro foi necessário preencher o Learning Agreement. No fim da tese é preciso preencher alguns documentos finais com o objetivo de mostrar que os objetivos foram cumpridos.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Não foi a minha primeira experiência internacional, já tinha feito um módulo de dois meses em Copenhada no meu primeiro ano de mestrado. Quando me inscrevi para a tese no estrangeiro, pensei que a experiência ia ser semelhante à que tive em Copenhaga, mas estava enganada. Bruxelas não tem nada a ver com Copenhaga, o que me deixou desiludida. Viajando pela Bélgica e países vizinhos, sinto que a pior cidade é mesmo Bruxelas, acho que tive azar. Mas nem tudo é mau, vou por isso explicar algumas vantagens e desvantagens gerais de realizar a tese no estrangeiro e em particular em Bruxelas. Vantagens: 1 – Novo mundo para descobrir, novas culturas, novas realidades… Sair da bolha do nosso país! Este para mim é um dos pontos mais importantes, visto que a nossa realidade muda com as nossas experiências. 2 – Novas oportunidades de emprego futuro. Assim que terminei a tese tive logo uma oferta de emprego, também na Bélgica, com um salário muito acima da média do salário português. 3 – Novos amigos e muitas viagens. Especialmente em Bruxelas, o ambiente é muito internacional, facilitando conhecer novas pessoas com a mesma mentalidade que tu. Relativamente a viagens, é muito mais barato viajar quando estás no centro da Europa! Flixbus e Comboios são muito baratos! Desvantagens: 1 – Para quem é muito ligado à família e/ou amigos é bastante difícil estar longe e perder os momentos importantes. Para mim esta é a maior desvantagem. 2 – O tempo. Pelo menos em Bruxelas, 90% dos dias está frio, nevoeiro ou a chover. Não há muito sol, o que é complicado de gerir para quem vem de Portugal. 3 – Comida. Muito inferior à portuguesa… preços muito caros para peixe e carne. Para quem não tem um salário no país, é difícil fazer boas refeições a preços acessíveis. 4 – Em Bruxelas, dependendo da zona onde estás, existem muitos sem-abrigo, drogados, lixo no chão, etc… Há zonas um pouco degradadas e pouco seguras.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Escolham a tese não só com base no projeto nem só com base no país. A melhor forma de escolherem a tese é fazer uma combinação entre o sítio onde gostavam de passar uma temporada e o projeto que é proposto. Durante a tese, respirem! Muita coisa vai correr mal, muita coisa vai correr bem. Todos passam por uma fase má na tese, o importante é não stressar nessa fase, e continuar o projeto com baby steps. No fim do dia, é só mais um trabalho académico.
Beatriz Padrela
FCUL - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O Tema da minha tese é “Reproducibility and sensitivity of brain network backbones: a demonstration in Small vessels disease”. O meu interesse na altura baseou-se no facto de eu estar à procura de um estágio em neuro-MRI e gostei muito deste projeto que se baseava na técnica de diffusion MRI.
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Cumpri os prazos da FCUL, mas basicamente para começar em Setembro comecei a comunicar com a UMC Utrecht em Março do mesmo ano.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Procurei no linkedin, e na internet no geral, nos sites das várias UMCs da Holanda.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Há passos específicos para os estágios de Biomédica. Porque há vários passos para o plano Eramus+ e uns documentos para preencher, até para receberes a bolsa para o estágio, mas já não me recordo exatamente.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
Estas burocracias são as mesmas todos os anos, mas também já não me recordo em concreto de todas as fases desse processo.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Vantagens: conhecer o ambiente internacional, melhorar a comunicação em inglês (falada e escrita), aprender métodos novos de análise, de trabalho, de lidar com pessoas e ambientes diferentes. É muito estimulante. Aprendi e cresci imenso.
Desvantages: um bocadinho o medo inicial do desconhecido e o medo de falhar. Que acabam por ser vantagens porque criam as condições de desafio! Também o arranjar casa na Holanda é uma grande desvantagem. Isso sem dúvida tem de ser tratado com muita antecedência. No caso da UMC Utrecht eles têm uma residência para alunos/trabalhadores da UMC, mas tem de ser contactada com muito tempo de avanço!
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Aproveitar o plano Erasmus+ de biomédica para ter uma experiência internacional. Começar a enviar emails com antecedência e fazer no mínimo 6 meses de estágio!
João Ortiz e Luís Cunha
FCT - UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Luís: O tema da minha dissertação baseia-se na modelação de modelos musculoesqueléticos para estudar a evolução da marcha de uma criança com paralisia cerebral após uma cirurgia ortopédica. Tem como objetivo principal perceber se, ao utilizar um modelo genérico, as alterações a nível da simetria de marcha, forças musculares e contribuição muscular para a aceleração do centro de massa estão de acordo com o esperado. Fazer a U.C. de Biomecânica na FCT foi o que despertou o meu interesse para este tema. A partir daí foi explorar o que era possível fazer nesta área e descobri a parte da modelação e a sua utilidade não só no meio clínico, como no do desporto.
João: O tema da minha dissertação baseia-se na modelação de modelos musculoesqueléticos e cálculo das forças musculares e contribuições musculares para a aceleração do centro de massa, de forma a ser possível estimar a carga mecânica a que o ligamento cruzado anterior está sujeito durante a execução de manobras desportivas de alta intensidade. Através deste processamento foi possível comparar membros inferiores saudáveis com membros inferiores que tinham sofrido uma rotura do ligamento e posterior cirurgia de reconstrução e também permitiu-me analisar a influência da antecipação da tarefa nessas mesmas cargas mecânicas. Embora tenha abordado o tema da biomecânica numa U.C. do mesmo nome pertencente ao meu plano curricular, o meu interesse nesta área surgiu da visita a laboratórios de biomecânica ao longo do meu percurso académico como também do meu interesse no desporto e na investigação científica relacionada com o mesmo.
Como obtiveram conhecimento das vossas oportunidade de tese e como se candidataram a esta oportunidade?
Partindo do nosso interesse na área da biomecânica, do desporto/meio clínico, fomos pesquisando os laboratórios que trabalhavam nessa área em Portugal e os projetos desenvolvidos no laboratório de biomecânica e morfologia funcional da FMH despertaram o nosso interesse. O passo seguinte passou por obter o e-mail do diretor do laboratório e entrar em contacto com o mesmo de forma a demonstrar o nosso interesse e averiguar a possibilidade de realizar a dissertação no âmbito dos projetos que estariam a decorrer naquela altura.
A partir do momento em que souberam que teriam oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade?
Para além da necessidade de ter um(a) co-orientador(a) da nossa faculdade (FCT) para ter o papel de elo de ligação entre as duas instituições, não houve nenhuma burocracia adicional relacionada com o facto de termos realizado a dissertação de mestrado numa faculdade diferente.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese num laboratório fora da vossa faculdade?
A maior vantagem em fazer noutra faculdade é certamente ter a oportunidade de aprender sobre uma área nova e diferente que não tinha sido explorada no decorrer do nosso plano curricular. Em específico, foi muito interessante conhecer o laboratório e o equipamento que lá utilizam, como o sistema de captura de movimento ou as plataformas de força e perceber o seu funcionamento. Por outro lado, a inexperiência e falta de bases teve de ser colmatada com um trabalho de pesquisa e investigação mais intensivo, mas no grande plano acabou por ser um ponto mais positivo do que negativo.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Para alguém que procura um tema de tese fora da faculdade, é muito importante ter o feedback de pessoas que já desenvolveram algum tipo de trabalho nesse mesmo laboratório ou instituição para perceber o modo de funcionamento para que nos possamos nos adaptar. A nossa tese foi quase exclusivamente feita a partir de casa, mas o maior conselho que poderíamos dar seria tentar ao máximo estar fisicamente com quem nos está a acompanhar. Dessa forma tornamo-nos mais produtivos e a resolução de problemas e esclarecimento de dúvidas torna-se mais simples e rápida. Além disso, trabalhar a partir de casa durante um semestre pode ser desmotivador. E é importante lembrar que a tese não deixa de ser um projeto da faculdade como outro qualquer. Por último, tentem ir adiantando a escrita da tese e não deixem acumular para o fim.
Filipa Gamanho
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO
A minha tese, de título “Development of a Clinical Decision Support System for rational prescribing of antibiotics and decrease of antimicrobial resistance rates” consistiu no desenvolvimento de um sistema de apoio à decisão médica que suporte um modelo de prescrição racional de antibióticos. Numa primeira fase, houve uma revisão da forma como a prescrição terapêutica é atualmente feita em Portugal e lá fora, dos fatores que influenciam a escolha do antibiótico a prescrever, da sua dose, frequência e via de administração e da forma como estes se devem adaptar às características de cada paciente. Este conhecimento resultou não só de uma revisão bibliográfica, mas também de uma série de meetings com profissionais de saúde dentro da área. Após conceptualizar as medidas de apoio à prescrição, a minha tese teve também aliada uma grande componente de programação em SQL, onde implementei um sistema que sugere a cada médico o melhor antibiótico a prescrever a cada paciente.
O meu interesse neste tema resultou da sua multidisciplinaridade e relevância atual no nosso setor – a digitalização da saúde e subsequente aglomeração de dados clínicos nos hospitais torna imprescindível a utilização de sistemas que facilitem o uso destes dados pelos profissionais de saúde e os guiem na sua tomada de decisão. Neste momento, e na área da prescrição de antibióticos, não existe nenhum sistema em uso em Portugal.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
A minha dissertação de mestrado resultou de uma candidatura espontânea para a Glintt. Por saber que queria fazer a minha dissertação em contexto empresarial, durante o meu último ano de curso, procurei diversas empresas com projetos inovadores no setor da saúde e a Glintt foi uma das que me despertou interesse. Após uma sucessão de entrevistas, foi-me proposto este tema e eu aceitei.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
No meu caso, mesmo antes de receber a proposta de dissertação por parte da Glintt, comuniquei ao coordenador de curso o meu interesse em fazer a tese fora do Técnico. Após ter a confirmação final do meu tema de tese na Glintt, foi necessário enviar um requerimento à área de coordenação de bioengenharia com o tema proposto e alguns dados oficiais dos meus orientadores e da empresa em questão. É importante referir que, em teses empresariais, é necessário ter-se um orientador externo (no meu caso, da Glintt) mas também interno, do Técnico – quando auto-propomos um tema de tese à coordenação, temos de levar já a confirmação dos dois orientadores. Depois de a coordenação aprovar o tema de tese, é necessário assinar-se um acordo de confidencialidade entre o Técnico, o aluno e a empresa e que deve ser entregue durante o decorrer da tese.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto empresarial?
Eu diria que a maior vantagem é realmente aproximares-te do mercado de trabalho e abrires a porta para um possível primeiro emprego. Perceberes a dinâmica dentro da empresa, o tipo de projetos, o ambiente no escritório, entre outros. Pelo contrário, traz também diferentes responsabilidades – por vezes, os desafios são tantos que é fácil quereres explorar fora do fio condutor do tema principal da tese e é necessário relembrares-te (ou relembrarem-te) que uma tese em contexto empresarial não deixa de ter as mesmas diretrizes e deadlines que qualquer outra tese de mestrado.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Eu diria que o mais importante é mesmo encontrares um tema que gostes ou te desperte interesse – não tenhas medo de questionar os professores sobre novos temas que estejam a desenvolver ou, caso queiras fazer a tese fora da faculdade como eu, de procurar empresas dentro da tua área e questionar pessoas que lá trabalhem sobre essa possibilidade. Existem imensas feiras de emprego e bootcamps atualmente que podem facilitar o contacto com as empresas que te interessem.
Em segundo lugar, procurar feedback de colegas relativamente aos orientadores que escolheres para a tese. Durante o decorrer da tese, vão surgir imensas dúvidas e contratempos, e o apoio e feedback construtivo dos orientadores vai ser fulcral para manter o foco e nível de exigência desejado.
Margarida Antunes
FCT - UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
O tema da minha tese foi ‘Towards Amyotrophic Lateral Sclerosis Interpretable Diagnosis Using Surface Electromyography’. Basicamente, a tese passou pelo desenvolvimento de um algoritmo de Inteligência Artificial para prever o diagnóstico de pacientes com sintomas de Esclerose Lateral Amiotrófica, utilizando dados eletrofisiológicos, neste caso sinais musculares. Para além disso tentámos desenvolver um algoritmo que fosse um pouco mais ‘explicável’ do que normalmente acontece com algoritmos de IA, que muitas vezes são modelos ‘black box’ e que portanto não nos dizem o porquê dos seus resultados.Eu já sabia há algum tempo que queria fazer uma tese em IA então foi só uma questão de ver a lista de projetos de tese disponíveis e escolher aquele que me pareceu mais interessante.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Tive conhecimento quando saiu a listagem de projetos de tese na faculdade que incluía as teses a serem realizadas em colaboração com a Fraunhofer. Falei com o professor responsável de forma a candidatar-me.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
No início tive de assinar alguns documentos relativos ao protocolo entre a faculdade e a Fraunhofer (local onde fiz a tese), e também documentos de confidencialidade, etc. Durante a tese não existiram burocracias que me recorde. No fim, tive de entregar a tese no secretariado do departamento de física da FCT-NOVA e também preencher o pedido de provas.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto empresarial?
Eu fiz a tese na Fraunhofer, que é um instituto de investigação e desenvolvimento, pelo que apesar de existirem projetos mais virados para o contexto empresarial, o foco está muito na investigação. Acaba por ser interessante passar por este processo de fazer uma tese onde há uma forte componente de investigação mas depois com um objetivo muito claro para os resultados que saem da tese, ou seja, para que o que saiu da tese consiga efetivamente ser aplicado no mundo real. Portanto diria que a grande vantagem de trabalhar com a Fraunhofer é que conseguimos que o foco seja na investigação à vontade, e há muita abertura para explorarmos a tese com as nossas ideias, mas depois também conseguimos ver as coisas a passar do papel para a prática. A nível de desvantagens não vejo nenhuma. Eu adorei trabalhar na Fraunhofer.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Eu tive a sorte de ter uma experiência de aprendizagem incrível, que me permitiu desenvolver muitas ferramentas na área de Inteligência Artificial. Portanto, diria para extraírem o máximo do vosso tempo a fazer a tese. Tentem aprender sobre o tema, sejam curiosos e interessados, façam perguntas aos vossos colegas de trabalho. Podem encontrar uma área que realmente adorem! E não coloquem tanta ênfase na tese ou pressão sobre vocês próprios. É só um trabalho mais longo onde podem aprender muito!
Mariana Pimenta
UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA
O tema da minha tese foi “ Gestão dos Equipamentos usados na área da saúde com função de medição – Plataformas de Gestão”
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
O meu percurso começou quando realizei no 1º semestre do 2º ano do Mestrado em Engenharia Biomédica um estágio de carácter voluntário e individual no Gabinete da Qualidade do Hospital Santo António.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Depois desse estágio de cerca de 5 meses, a coordenadora do Gabinete (professora na ESB da disciplina de Instalações Hospitalares) informou-me que teria um tema disponível para tese. Na minha altura a coordenadora do mestrado reuniu uma lista de propostas de tema de teses/estágios e tínhamos que escolher 3 opções por ordem de preferência e submeter uma carta de motivação para a primeira opção e o nosso currículo. Quem não quisesse nenhuma daquelas propostas também podia procurar o que pretendia. Candidatei então à proposta de estágio do Hospital Santo António e entrei.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
A nível burocrático a faculdade trata de tudo, desde seguros a aprovações que são necessárias.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto hospitalar?
Na minha visão a maior vantagem de se fazer uma tese ou estágio em contexto hospitalar é que tens muita visibilidade uma vez que vais ter que reunir com algumas empresas externas e permite-te desenvolver muito a capacidade de comunicação e resolução de conflitos. A maior desvantagem é que o teu trabalho pode ser realmente reconhecido pelos teus orientadores mas nunca na perspectiva de te contratarem.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O meu conselho para quem vai fazer tese/ estágio é para começarem desde cedo a experimentar áreas que tenham interesse para depois no momento de decisão terem a certeza de que vão dedicar o vosso tempo numa área que efetivamente gostam e que já estejam minimamente confortáveis a nível de conhecimento.
João Fonseca
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
O tema da minha tese foi: AI models to predict the outcome of Traumatic Brain Injury. Este tema despertou-me interesse porque ligava duas coisas nas quais tinha tido experiências académicas anteriores, inteligência artificial e neurociência. Sempre tive muito interesse no desenvolvimento de algoritmos inteligentes e quando apareceu a oportunidade de utilizá-los numa área clínica que gostava tanto, não hesitei em escolher este tema.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Esta oportunidade surgiu porque tinha colegas a fazer estágio no INESC TEC com o meu orientador numa área também de AI. Então, pedi-lhes o contacto desse professor e expliquei-lhe que áreas me interessavam e ele sugeriu este tema que lhe tinha sido apresentado na altura por outra investigadora no INESC. Neste tipo de institutos, há sempre novas áreas de estudo e ideias de tese a aparecer, portanto contactar algum dos professores mais próximos da área na qual queres fazer a tese pode sempre dar resultado.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Não há grandes burocracias. Depois de definir o tema com os orientadores, eles trataram de enviar à instituição de ensino a proposta de tese e esta fica disponível na lista de teses a escolher durante o primeiro semestre. Ao fazer isto, eles podem logo indicar que a tese está apontada para o aluno específico que entrou em contacto com eles. No portal da instituição, escolhi esta oportunidade e ficou definido. No decorrer, não há grandes burocracias, dependendo depois das cadeiras de preparação de tese. Naturalmente, haviam reuniões semanais com os orientadores e para a cadeira de preparação da tese tive que ir mostrando o progresso e algumas apresentações. No final da tese, os orientadores apontam algumas pessoas para ser o revisor principal, ao qual temos que enviar a tese até ao prazo definido e que depois estará também presente na defesa.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto empresarial?
Neste tipo de contexto empresarial/instituição de investigação, a grande vantagem é criar conexões com alunos de doutoramento e professores da área que escolheste, que te podem ajudar quer no decurso da tese, quer a procurar outras oportunidades pois tese, sejam elas bolsas de mestrado ou até oportunidades de doutoramento.
Tiveste direito a algum tipo de remuneração ou bolsa?
Não tive direito a remuneração ou bolsa, mas neste tipo de instituições à sempre possibilidade de acontecer. Aconselho perguntarem ao orientador da tese sobre essa possibilidade, sem medo de causar qualquer constrangimento, porque geralmente o orientador ficará mais do que feliz se conseguir fornecer esse tipo de ajuda.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O primeiro conselho que dou é definir o tema relativamente cedo para conseguirem de imediato fazerem um levantamento de estado de arte e pesquisarem sobre o tema. Isto dá logo uma vantagem enorme porque se começarem a testar ideias de início, mesmo que algo falhe, terão muito tempo para resolver problemas ou percalços (que vão sempre acontecer em 6 meses de investigação). Também aconselho a levaram a tese como um trabalho full-time, definirem as horas do dia que vão trabalhar para aquilo. Para além de conseguirem logo uma tese muito melhor porque conseguem demonstrar sempre todo o trabalho que foi feito (mesmo que não dê grandes frutos, porque em investigação maus resultados são na mesma resultados), também conseguem ter uma ideia de como vai ser a vida de trabalho que se aproxima e entrarão no mercado de trabalho com muita mais experiência.
João Nunes
UNIVERSIDADE DO MINHO
O tema da minha tese relacionou-se com a análise de dados biomecânicos de “quase quedas” provocadas em laboratório. Estes dados, recolhidos através de sistemas como a Delsys ou a Xsens permitiram compreender, em termos biomecânicos, o papel de cada uma das articulações e músculos dos membros inferiores na restauração de uma posição de equilíbrio após uma perturbação. Além de fundamental na compreensão dos movimentos biomecânicos naturalmente empregues pelo ser humano, esta análise será a base para o desenvolvimento de um dispositivo robótico para prevenção de quedas. O meu interesse, surgiu, acima de tudo pela possibilidade de contribuir para a redução de um problema social e económico a nível mundial: as quedas em pessoas idosas.
Quais foram as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da tua tese?
Em termos burocráticos a Universidade do Minho não impõe questões burocráticas de maior. No meu caso, essas questões relacionaram-se maioritariamente com o meu período de Erasmus.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese na tua própria faculdade?
No meu caso realizar a tese na minha Universidade foi bastante vantajoso uma vez que já havia trabalho desenvolvido relacionado com a prevenção de quedas facilitando dessa forma todo o trabalho que realizei. Por outro lado, por já conhecer a generalidade das pessoas com quem trabalhei a integração acabou por se tornar mais fácil. Na minha opinião este último ponto é uma vantagem mas também uma desvantagem pelo que decidirealizar um estágio Erasmus em empresa de forma a sair da minha zona de conforto. Complementar a dissertação com um período em empresa é algo que considero bastante vantajoso uma vez que permite adquirir hard e soft-skills diferentes daquelas que se adquirem em contexto académico.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese no próximo ano?
Além do que referi anteriormente, o meu principal conselho é que encarem a dissertação como um período em que podem adquirir competências e experiências que podem ser fundamentais para a entrada no mercado de trabalho.
Bárbara Costa
UNIVERSIDADE DE AVEIRO
A minha tese intitula-se de “Magnetic Nanoparticle for cancer treatment through magnetic hypertermia”. O cancro sempre me fascinou pela sua capacidade de evolução e “inteligência”. Numa aula de uma unidade curricular no meu 4º ano, deparei-me com as nanopartículas magnéticas e a sua potencialidade nas diversas áreas. Ao longo do tempo, procurei perceber mais sobre a sua dimensão e aplicabilidade, até ao momento em que no meio da minha pesquisa constatei a enorme potencialidade que têm no tratamento do cancro. Após uma pesquisa bibliográfica, deparei-me com a hipertermia magnética e a partir desse momento fiquei fascinada pela área e pelo impacto que o desenvolvimento de nanopartículas magnéticas eficientes pode ter no tratamento do cancro.
Quais foram as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrrer, quer no fim da tua tese?
A nível de burocracrias, em primeiro lugar, e antes de os professores apresentarem a lista de temas de teses disponíveis, tendo em conta que já sabia a área em que queria trabalhar, fui logo falar com os professores e perceber a disponibilidade para realizar um tema de dissertação nesta área. Após isto, e dada a abertura dos meus orientadores, não tive nenhum problema de cariz mais “burocrático” associado à escolha do tema, nem durante o decorrer da tese. No entanto, o final da tese demarcou-se por ser um processo bem mais burocrático. Para a entrega da dissertação e apresentação da prova pública é necessário entregar alguns documentos assinados pelos oreintadores e algumas declarações de compromisso. E, após a defesa da dissertação, dispomos de 15 dias para corrigir os erros identificados na tese e por assinar e prrencher mais documentos (declaração de direitos de autor, declaração de aceitação das correções por parte do presidente do júri, e, por fim, a tese corrigida). Após este processo, existem questões burocráticas internas que levam à promulgação da nota obtida que, consequentemente, resultam na emissão do certificado de conclusão do curso.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese na tua própria faculdade?
Esta pergunta é talvez das mais subjetivas de responder, já que considero ser muito importante ter uma boa rede de suporte durante o período académico e, principalmente, durante a escrita e desenvolvimento da tese. Portanto, tendo em conta esta premissa, eu diria que as maiores vantagens de fazer uma tese na própria faculdade são: o facto de estarmos “em casa”, com os nossos amigos e a nossa rede de apoio; conhecermos as unidades de investigação e os professores que se encontram nelas; conhecer os investigadores dos grupos; maior facilidade em pedir ajuda. No entanto, também tem as suas desvantagens, nomeadamente, no que diz respeito à falta de conhecimento de outras realidades das unidades de investigação existentes, e, acima de tudo, o facto de nos mantermos em “casa” pode ser por si só uma desvantagem, devido ao facto de nos podermos acomodar.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Em primeiro lugar, escolham um tema que realmente gostam, já que é extremamente importante sentirem-se à vontade com o tema que vão trabalhar durante quase um ano (!!!), não se esqueçam disso. Caso contrário, esta poderá ser uma grande resistência a nível de motivação ao longo do ano desafiante que vos espera. Em segundo, e não menos importante, escolham orientadores que confiem e que gostem realmente de trabalhar. Os orientadores são a base principal do vosso trabalho. Se tiverem um ótimo tema numa área que vocês adorem e não tiverem o acompanhamento adequado, a vossa experiência não vai ser nada boa!!! Por fim, não se sobrecarreguem demasiado. A tese é importante, é o vosso capítulo final. No entanto, a tese é só mais um trabalho que têm de escrever. É só mais um projeto de investigação que desenvolveram. Deem sempre o vosso máximo, dentro dos vossos limites! É importante dar tudo, mas é igualmente importante reconhecer os nossos limites e abrandar! Se até agora já tantos conseguiram apresentar a tese com sucesso, vocês não serão exceção! Por isso, força nisso!!!
Duarte Saraiva
FCUL - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O tema da minha tese consistiu em aplicar métodos de Deep Learning a dados de ressonância magnética funcional, com o intuito de explorar as anomalias de conectividade funcional associadas a doenças neuropsiquiátricas. O meu interesse pela neurociência é algo que me acompanha desde antes de entrar na faculdade. Sempre tive curiosidade em perceber de que forma o cérebro funciona, e de que forma está alterado em pessoas que sofrem de alguma doença neuropsiquiátrica. Tendo noção que, na prática clínica, pouca é a tecnologia utilizada para diagnosticar e acompanhar o agravamento destas doenças, senti que, como futuro engenheiro biomédico, poderia procurar aplicar tecnologia para saber mais sobre estas doenças.
Quais foram as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim tua tese?
Pelo facto de fazer a tese na minha própria faculdade, em particular no Instituto de Biofísica e Engenharia Biomédica (IBEB), não tive muita burocracia associada à minha tese. Na prática, marquei uma reunião com o professor Hugo Ferreira, que tinha sido meu professor durante o curso, e falei-lhe daquilo que eram os meus interesses. Ele falou-me de uma série de possíveis projetos, ajustámos alguns interesses, e ficou definido entre nós. Depois, tive que definir o título da tese, um pequeno plano de trabalhos, e enviar essa documentação para os serviços da faculdade para que a minha tese ficasse registada. No decorrer da tese não tive qualquer burocracia associada. No fim, tive bastante documentação para preencher, o que leva muitas vezes a atrasos quer na entrega final da dissertação, quer na defesa da mesma. Apesar da informação estar no website, há sempre algum pormenor que falha, pelo que é preciso ter atenção se a documentação enviada está mesmo como os serviços da faculdade pretendem.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese na tua própria faculdade?
Na minha opinião, a principal vantagem estará na maior flexibilidade de escolher o tema, e na maior flexibilidade no trabalho em si. Além disso, uma vez que já conhecemos o local, há algum conforto que pode ser útil nesta fase de maior instabilidade. No meu caso em particular, tinha também como interesse realizar um doutoramento na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e por esse motivo, fez-me todo o sentido aproveitar a oportunidade para perceber se de facto era algo que queria fazer ali. E a minha conclusão foi que sim, uma vez que segui para doutoramento no mesmo sítio. Ainda assim, reconheço que também tem as suas desvantagens. Penso que aproveitar a realização da tese de mestrado para procurar trabalhar noutra empresa ou instituto, em Portugal ou no estrangeiro, parece-me extremamente útil para viver uma excelente experiência e aprender outros métodos de trabalho. E isso é algo que se perde ao realizar a tese na própria faculdade. No fim, diria que tudo depende do que cada um pretende, e qualquer opção será boa.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O meu principal conselho seria para não pensarem demasiado, nem que se deixem levar pelos momentos de ansiedade e stress. Naturalmente que escrever é complicado, e na prática terão momentos difíceis. O truque está em não se deixarem afundar nos mesmos. E pelo menos, para mim, o melhor foi relativizar esses momentos. Realizar a tese é de facto um momento importante, mas é também apenas mais uma experiência. Aproveitem essa experiência como o final feliz do curso que tanto se esforçaram para tirar. Procurem um tema que gostem, ou um que vos deixe curiosos, e vejam as várias opções. Depois disso, pensem onde gostariam de passar essa experiência. Mas, acima de tudo, não se deixem perder nas imensas possibilidades. A decisão que tomarem será sempre a melhor. Depois, no dia a dia, diria que o grande desafio estará em fazer o projeto passo a passo. Com calma, e sem pensar em demasia no produto final. Pensem nos obstáculos como apenas mais um passo nesse trajeto. E haverá momentos em que o melhor passo a dar será parar um pouco, ver uma série, ler um livro, fazer exercício ou conversar com amigos. Esse passo também é relevante, para que façam a vossa tese com saúde e felizes. Quando derem por vocês, já terminaram a tese, e será também um momento bom para recordar nesta vossa jornada universitária.
Diogo Luís
UTAD - UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
O tema da minha dissertação de mestrado foi “Breathing and Sound Monitoring” que consistiu no desenvolvimento de um sistema de monitorização de ansiedade com especial ênfase no sistema respiratório e correlações entre parâmetros deste sistema e a ansiedade. Escolhi este tema porque queria aprender e desenvolver as minhas competências neste campo e porque é uma área que eu gosto.
Quais foram as burocracias implicadas, que no início, quer no decorrer, quer no fim da tua tese?
Penso que as questões de burocracias dependem um pouco de universidade para universidade e dos recursos que necessitamos para o desenvolvimento dos projetos das teses/dissertações. No meu caso, não tive problema algum com burocracias, pois foi só preencher papelada relativa ao desenvolvimento da dissertação de mestrado de acordo com o que me foi pedido na minha universidade. Mas dando um exemplo mais prático, caso seja preciso usar dados de pacientes de um hospital, por exemplo, para o desenvolvimento de um determinado projeto, a quantidade de papelada e burocracia associadas vão ser um dos maiores obstáculos para este projeto.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese na própria faculdade?
Eu desenvolvi a dissertação na minha universidade, portanto não sei bem quais as vantagens e desvantagens de a desenvolver fora. No entanto, posso dizer que foi relativamente fácil trabalhar com os professores e as burocracias também não foram um problema
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Penso que o essencial é o aluno escolher um tema que esteja interessado e com a orientação de professores que o aluno tenha gostado. Também não ter medo de sair da zona de conforto e ter a mentalidade de querer aprender e melhorar as suas competências.
Mariana Oliveira
FCUL - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
O tema da minha dissertação foi 3D bioprinting de cardiomiócitos para regeneração cardíaca. Desde que realizei o estágio da licenciatura (em Pisa, Itália) que fiquei muito interessada pelo conceito de bioprinting. Lá no instituto eles tinham uma bioprinter e todos os projetos inerentes pareciam muito interessantes – e como não tive a oportunidade de a usar, acabei por ficar curiosa e querer experimentar na tese.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a essa oportunidade?
Na verdade eu devo esta parte a uma amiga que estudava na FCT. Inicialmente o meu projeto de tese era num laboratório fora de Portugal mas por motivos pessoais tive de alterar os planos já em Setembro. Acabei por ter de encontrar um projeto mais em cima da hora e por sorte a minha querida amiga Catarina Patrão falou-me do CENIMAT e em particular do grupo de investigação do Professor João Borges. A partir daí bastou-me uma pesquisa rápida para ficar interessada e contactei o Professor Borges por email, explicando que gostava de realizar a minha tese com biomateriais e bioprinting. Ele respondeu-me rapidamente e por sorte o projeto que eles me queriam propor era exatamente aquilo que eu queria.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas no início, no decorrer, e no fim da mesma?
Foi tudo relativamente simples. O meu orientador interno já estava a par de tudo porque enviei os emails com conhecimento para ele. Depois foi apenas necessário preencher um registo de dissertação, assinado por ambos os orientadores, no qual o meu orientador externo indicou o título provisório da minha tese juntamente com um pequeno resumo da mesma. Para além disso, como realizei a tese fora da minha faculdade (FCUL), tive de garantir que o meu seguro estava ativo, e para tal bastou enviar um email à coordenadora do mestrado.
Por fim, antes de entregar a dissertação foi preciso ainda que cada um dos meus orientadores assinasse uma declaração de conformidade (e uma declaração de alteração de título, que no meu caso foi precisa).
Quais foram os requerimentos a nível da escolha dos teus orientadores?
Para orientador interno fiz questão de ter alguém que me pudesse apoiar e responder prontamente a todas as minhas dúvidas burocráticas, mesmo que não fosse um professor da área na qual queria realizar a dissertação. Já para orientador externo, queria apenas alguém muito versado no tema, e o Prof João Borges encaminhou-me para o Prof Henrique Almeida, que acabou por ser bastante presente!
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Bom, falando primeiro do tema da tese, por vezes pode parecer impossível encontrar um projeto de que se goste e de um modo geral é difícil saber por onde começar. No meu caso foi muito útil primeiro delimitar a zona geográfica na qual queria trabalhar e só depois procurar nas páginas das várias faculdades, nos separadores de research (uma coisa que também me ajudou bastante foi pesquisar pelo nome do investigador no Google Scholar para ver em que tipo de projetos estava a trabalhar recentemente). Também aconselho falarem com amigos e irem partilhando o processo, para mim fez toda a diferença na escolha do projeto!
Além disto, vão ser uns 9-12 meses bastante longos e custosos – mais vale passá-los a fazer algo que nos agrade. Não obstante, acho que também é importante desdramatizar e ter presente que a tese é apenas um trabalho académico e que em princípio não vai definir nada no nosso futuro.
Por fim, aconselho a não se isolarem – a tese pode consumir muito do nosso tempo e cabeça, mas é importante não deixar que seja o centro da nossa vida. Mantenham contacto frequente com amigos e família, comecem hobbies novos, tudo o que vos puder trazer equilíbrio para a vida. Outra lição muito importante que aprendi é delimitar bem o horário de trabalho – neste ponto eu tive sorte, porque grande parte do meu trabalho era no laboratório, mas para quem está a trabalhar remotamente pode ser complicado- é vital distinguir bem o horário de trabalho do tempo que é exclusivo para o nosso bem-estar e saúde mental!
David Pereida
FCUL - FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
Após discutir diversos temas com o meu orientador na Champalimaud decidimos concordar no tema de “Neuronal dynamics underlying stimulus selection for zebrafish orienting behaviour“, isto é, a compreensão do comportamento e processos neuronais de um peixe-zebra aquando sujeitos a estímulos síncronos. Interessava-me pela possibilidade de perceber como certos comportamentos tão intuitivos e inatos podem acontecer e qual seria o processo de decisão num peixe-zebra, um modelo animal com o qual me sentia confortável. Era também um estudo novo com várias vertentes e no qual podia efetuar todos os passos do processo com as competências que o curso me deu.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Quando estava a procurar por oportunidades de tese, decidi procurar por projetos fora de Portugal e na Champalimaud, pois já tinha colegas que tinham gostado da experiência de investigação na fundação portuguesa e o meu orientador interno, Alexandre Andrade, recomendou a mesma. Enviei diversas candidaturas a investigadores principais de diversos laboratórios na França, na Holanda e na Champalimaud. Acabei por ser aceite no laboratório a qual me candidatei na Champalimaud – Vision to Action – liderado por Michael Orger (PI). Após este contacto inicial com o investigador principal, tive uma reunião com o mesmo e a Post-doc que ficaria responsável por mim – Sabine Renninger.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas no início, no decorrer, e no fim da mesma?
Após ser aceite, tive uma reunião com os meus orientadores interno e externo separadamente para concluir o processo de inscrição na mesma, fazendo assim um registo e plano da minha dissertação. Foram as únicas burocracias que tive em relação à FCUL pois mantive-me em território nacional.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obteres?
Sim, tenho bolsa de iniciação à investigação. Esta normalmente é fornecida pela própria Fundação Champalimaud a alunos de mestrado e licenciatura a trabalhar em projetos, estágios ou teses. Foi um processo relativamente simples, passando apenas pelo meu investigador principal e o fellows support office.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese num centro de investigação?
Pessoalmente, diria que as vantagens de fazer a tese num centro de investigação são as conexões que fazes dentro do mundo de investigação, a experiência que ganhas no mercado de trabalho e a possibilidade de fazer parte de diversos eventos pedagógicos como conferências e simpósios. Da minha experiência penso que as desvantagens que posso apontar são a falta de investimento, dificuldade em conciliar horários entre diferentes experiências e dependência em outros investigadores que remove autonomia.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
O maior conselho que eu podia dar era não apressar na escolha e no processo da dissertação. Precaver obstáculos no caminho e tentar aproveitar ao máximo a experiência.
Beatriz Miranda
UNIVERSIDADE DO MINHO
A minha dissertação de mestrado consistiu em desenhar, desenvolver, testar e validar três ambientes virtuais distintos, que recriavam situações do dia-a-dia, de forma a avaliar e treinar as desabilidades motoras relacionadas com a doença de Parkinson, usando óculos inteligentes de realidade mista, os Microsoft HoloLens 2, e um sistema de rastreamento de movimento, XSENS. Desenvolvi a minha dissertação de mestrado no BiRDLAB (Biomedical Robotic Devices Lab) que faz parte do CMEMS (Centre of MicroElectroMechanical Systems), no Departamento de Eletrónica Industrial da Universidade do Minho, em colaboração com o 2CA-Braga (Centro Clínico Académico de Braga).
O interesse neste tema surgiu da oportunidade de explorar uma tecnologia que eu desconhecia, mas que me despertava muita curiosidade que é a realidade aumentada, virtual e mista; e ainda da possibilidade de testar o meu sistema com utilizadores reais, ou seja, pessoas com a doença de Parkinson, e de lhes tentar proporcionar uma maior qualidade de vida aliada à tecnologia.
Quais foram as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim tua tese?
No início da minha dissertação tive de fazer um Pedido de Admissão à Dissertação, no qual descrevi o enquadramento e motivação da minha dissertação e ainda os objetivos e resultados esperados e referências bibliográficas. Este documento foi entregue no site da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM). Relativamente ao período em que estive no 2CA-Braga com doentes, todo o processo de Comissão de Ética, consentimento informado, entre outros, já tinha sido tratado pela minha orientadora e pela aluna de doutoramento que iniciou este projeto. No fim da dissertação, aquando da entrega da mesma, tive de fazer o Requerimento de Provas Públicas conducentes à atribuição do grau de Mestre para estudantes da Universidade do Minho, no Portal Académico da Universidade, e entregar os documentos que aqui descrevem: https://alunos.uminho.pt/PT/estudantes/Paginas/requerimentoprovas.aspx. O que aconselhas a quem irá fazer a tese? O melhor conselho que posso dar a quem vai começar a sua dissertação de mestrado é: escolham um tema que vos suscite curiosidade, interesse e que vos desafie. A dissertação é só um ano, mas ainda é um ano, no qual vão lidar com momentos altos e baixos. Vão fazer coisas muito diferentes, desde fazer pesquisa e escrever um estado da arte até aprenderem a mexer em dispositivos novos e desenvolver a vossa solução. Vão ser postos à prova, mas sobretudo vão aprender muito e vão desenvolver diversas competências. Giram bem o vosso tempo e aproveitem ao máximo. Não tenham medo de pedir ajuda. A vossa dissertação é o que vocês quiserem que ela seja! Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter? Não obtive bolsa. Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto hospitalar e num centro de investigação? A maior vantagem de desenvolver a dissertação em contexto hospitalar é, sem dúvida, a possibilidade de interagir com os utilizadores finais, de testar a solução com os mesmos e ainda de observar e compreender as dificuldades com que estes doentes lidam diariamente. A maior desvantagem foi a calendarização dos testes, pois eram precisos muitos fatores para a realização dos mesmos, nomeadamente, a disponibilidade dos investigadores, dos doentes, dos equipamentos e ainda de espaço.
Daniel Corona
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
O tema da minha tese foi “Rastreamento de instrumento baseado em ultrassom: aplicação à oclusão da traqueia por fetoscopia endoluminal”. O objetivo é o desenvolvimento de um algoritmo de controlo de um braço robótico para manuseamento de uma prova de ultrassom durante uma cirurgia fetoscópica. As imagens de ultrassonografia produzidas pela prova permitem observar o fetoscópio durante a cirurgia. O meu interesse por esse tema provém da escolha da carreira que quero seguir. Quero desenvolver sistemas robóticos que permitam o aprimoramento da segurança e dos resultados de procedimentos cirúrgicos.
Que antecedência aconselhas para começar a tratar deste processo?
Aconselho uma antecedência de 5 meses da data de início do Erasmus. Por exemplo, caso pretenda iniciar o Erasmus em setembro (1º Semestre) é interessante começar a pesquisar o local onde se pretende realizar o estágio Erasmus em fevereiro.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
Eu segui uma série de passos para encontrar possíveis locais onde poderia realizar o meu estágio. Primeiro, escolher alguns países, depois, pesquisar por laboratórios ou institutos que possuam temas de investigação que me interessem. Em seguida, enviar email para o investigador principal (PI) com o pedido para realizar um estágio em contexto Erasmus acompanhado de uma carta de recomendação. Dessa forma, tive conhecimento da oportunidade e candidatei-me seguindo o procedimento padrão providenciado pela Universidade do Porto para o programa Erasmus+ Estágios.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
Foi necessário a apresentação de uma série de documentos. Mas o principal foi enviar o email que recebi do investigador do instituto com a confirmação de que iriam me aceitar para um estágio. Os restantes documentos requisitados podem ser diferentes de universidade para universidade, mas, os principais são o “Learning Agreement” e um seguro de saúde. O “Learning Agreement” descreve qual o trabalho que será realizado no estágio e quais são as partes envolvidas. É necessário obter assinatura de todas as partes: Universidade ou instituto que irá lhe acolher, universidade onde você estuda e a sua assinatura. Por isso é importante ter um contacto na instituição de acolhimento que responda relativamente rápido e que possa assinar os documentos necessários. O seguro de saúde que utilizei para o meu Erasmus foi o CESD (Cartão Europeu de Seguro de Saúde), o qual é gratuito. Importante dizer que, para estudantes que não sejam cidadãos de um país da União Europeia, pode ser necessária a obtenção de um visto de estudos. No fim do estágio, é necessário responder um questionário a respeito da experiência e entregar um documento com a informação de que o estágio está concluído e o estudante já está voltando ou voltou para o país de origem.
Obtiveste uma Bolsa? Se sim, qual, e qual foi o processo para a obter?
Sim. Recebi uma bolsa da Universidade do Porto que é específica para quem realiza o programa Erasmus+ Estágios. O procedimento foi apenas conseguir aprovação para o programa e assinar um contrato Erasmus+. Penso que todos os meus colegas que realizaram estágio em Erasmus obtiveram essa bolsa. Caso o estudante desista do estágio antes de terminar, deve devolver a quantia correspondente aos dias que ainda faltam para conclusão do Erasmus. Por exemplo, se um estudante desistir do estágio e ainda faltarem 2 meses para concluí-lo, o estudante deve devolver o valor da bolsa correspondente aos 2 meses.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese em contexto internacional?
Penso que existem mais vantagens que desvantagens. Existem vantagens no âmbito pessoal, profissional e social. No âmbito pessoal, o estudante tem a oportunidade de aprender como é viver em outro país, podendo desenvolver a sua independência. No âmbito profissional, o estudante expande sua rede de contactos (networking), existe a possibilidade de conseguir uma vaga de emprego no país onde realizou a sua tese e pode ir para um laboratório que tenha melhores equipamentos ou que tenham temas de pesquisa para além dos temas investigados em contexto nacional. No âmbito social, existe a oportunidade de aprender ou aprimorar um novo idioma a conhecer uma nova cultura. Relativamente às desvantagens, incluo a desvantagem financeira, pois irá gastar mais dinheiro em contexto internacional e o fato de perderes a oportunidade de conhecer como é realizar a tese na sua própria universidade, o que pode ser vantajoso em virtude da facilidade na comunicação.
O que aconselhas a quem irá fazer a tese?
Aconselho fazer um pouco do trabalho todo dia. É muito comum o acúmulo de trabalho quando se está perto de concluir a tese, mas caso já tenha adiantado a introdução ou a revisão de literatura/estado da arte, o trabalho fica mais leve no final e podes gastar mais tempo com aprimoramento dos seus resultados. Procure tirar o máximo proveito de conhecer as pessoas do local onde você está realizando a tese e, também para passear e conhecer novos lugares em um outro país. Se tiver a oportunidade, publique um artigo a respeito do trabalho da sua tese. Caso o seu orientador não lhe diga nada a respeito de publicar um artigo, fale com ele. O artigo pode ser útil no seu currículo.
Matilde Costa
FACULDADE DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO
A minha tese tinha dois principais objetivos: a segmentação automática de uma imagem da retina ( OCTA – Optical Coherence Tomography Angiography), de forma a salientar os vasos sanguíneos, e a caracterização automática dos mesmos, através de biomarcadores como a tortuosidade. Assim, através de programação, deep learning e técnicas de análise e processamento de imagem foram criados programas em Python para executar essas duas tarefas. Este tema interessou-me visto que poderia explorar mais algoritmos de segmentação de deep learning, que tinha alguma curiosidade, pois nunca tinha feito anteriormente e, simultaneamente, poderia voltar a praticar algumas técnicas de processamento de imagem, mais tradicionais e com recurso à matemática mais pura. Além disso, apesar de o tema não consistir numa tarefa de diagnóstico, a segmentação é algo com muito interesse a nível clínico, uma vez que as imagens OCTA en face (em projeção) são imagens com alguma dificuldade de leitura e ruidosas. A caracterização dos vasos é algo feito clinicamente de forma manual e completamente subjetiva e com esta dissertação, podemos criar uma espécie de ranking para o nível da tortuosidade dos vasos, que quando elevada pode estar associada a doenças neurodegenerativas ou diabetes.
Como tiveste conhecimento da tua oportunidade de tese e como te candidataste a esta oportunidade?
No ano anterior à minha dissertação (1º mestrado), senti que gostava de melhorar os meus conhecimentos em imagem e machine learning/deep learning através de um projeto real e, por isso, contactei o grupo Biomedical Imaging Lab – INESC-TEC, através da Professora Ana Maria Mendonça, que foi a professora de Análise de Imagem Biomédica no meu 3º da Licenciatura. A Prof. apresentou-me no grupo, onde depois ingressei num estágio de investigação orientado pelo Prof. João Pedrosa e a aluna de doutoramento Sofia Cardoso. Por volta de agosto, o João e a Sofia apresentaram-me duas propostas de bolsa de investigação para fazer a tese no mesmo grupo. Uma delas seria para dar continuação ao tema do estágio e outra seria o tema da minha tese, orientado pela Prof. Ana Maria Mendonça e a aluna de doutoramento Tânia Melo. Optei por mudar de tema e candidatei-me à bolsa com o tema da Prof. Ana Maria. Fui aceite e tive uma pequena reunião com a professora para me explicar como iriamos trabalhar e o tema do projeto e, em setembro, comecei a trabalhar na dissertação, de forma remota, uma vez que estava em ERASMUS num outro estágio.
A partir do momento em que soubeste que terias esta oportunidade de tese, o que foi necessário comunicar à tua faculdade? Neste sentido, quais as burocracias implicadas, quer no início, quer no decorrer, quer no fim da mesma?
O processo para o ramo de Engenharia Biomédica na FEUP é relativamente simples. Os orientadores colocam muitas propostas de dissertação numa espécie de lista no SIGARRA, ao qual os alunos, em setembro, devem-se candidatar. Algumas propostas já estão conversadas e planeadas, antes de setembro, para determinados alunos, como aconteceu comigo, e, portanto, o processo de candidatura no SIGARRA é algo mais burocrático. No entanto, para quem não tinha tema planeado antes de setembro, foi um pouco caótico, pois tiveram, num espaço de um mês (penso), que escolher alguns temas possíveis para dissertação, por ordem de preferência, submeter no SIGARRA e posteriormente saber o resultado/conversar com os orientadores. Comigo já estava decidido antes e isso facilitou o processo, uma vez que até estava em ERASMUS durante as submissões. Aconselho que no verão antes da dissertação, falem com algum professor(a) que se identifiquem ou gostem da área dele(a) para saber se é possível realizarem a dissertação com ele(a). Assim que o processo é admitido na FEUP, cria-se uma página sobre a vossa dissertação com as deadlines e assim e o prof. responsável pelas dissertações partilha o documento template da FEUP para dissertações em word e LaTeX. No decorrer da dissertação, não houve nenhuma burocracia que me lembre. Acho que o pessoal que não esteve no ERASMUS tinha uma unidade curricular em que tinham de fazer uma espécie de plano de negócio sobre a sua dissertação, mas como estava em ERASMUS, não tive que fazer isso. No final, submetemos a dissertação no SIGARRA, na nossa página no SIGARRA, que é o documento a ser lido pelos júris. Depois da defesa, a secretária do curso ajuda-nos com os próximos passos, mas temos de enviar um documento assinado sobre se a nossa tese pode ser divulgada ou não e, além disso, submetemos a versão final da tese, na nossa página do SIGARRA, após as correções do júri da defesa.
Quais as maiores vantagens e desvantagens de fazer uma tese num centro de investigação?
Fazer a tese num centro de investigação é ótimo porque em geral estás rodeada de pessoas da tua área, professores e alunos de doutoramento, e altamente científicas, logo podes fazer um trabalho muito bom, e com muito rigor, publicar artigos e efetivamente contribuir para a ciência. Pode ser muito vantajoso principalmente se quiseres continuar no caminho académico e seguir para o doutoramento. Também pode ser desvantajoso, pois estás num mundo mais longe da realidade e não tens fatores tão reais. Geralmente tens um dataset público, limpo, usado por vários trabalhos, aos quais depois podes comparar e, muitas vezes estás a otimizar soluções que já são altamente eficazes e resultam no mundo real. Sinto que investigação trabalha mais numa bolha e não há tanta atenção em como implementar a nossa solução na realidade e se é viável ou não, pois esse será um problema à posteriori, caso se desenvolva um protótipo, mas não é o teu problema na dissertação. Espero ter respondido a tudo da melhor forma. Caso tenhas mais alguma dúvida em que queiras responder, podes mandar-me mensagem por aqui.