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Entrevista a Margarida Pinho

Margarida Pinho

Recém-Mestre em Engenharia Biomédica com especialização em Engenharia Clínica pelo Instituto Superior Técnico (IST)

A ANEEB teve o prazer de entrevistar Margarida Pinho, recém-Mestre em Engenharia Biomédica com especialização em Engenharia Clínica pelo Instituto Superior Técnico (IST). A Margarida falou-nos sobre a sua experiência internacional na Bélgica, na cidade de Leuven, e como esta foi sinónimo de aprendizagem e crescimento, a nível profissional e pessoal. 

[Entrevistadora] – Sara Pereira (ANEEB)

[Entrevistada] – Margarida Pinho

 

Vê aqui a Entrevista completa!

[Entrevistadora] –Olá Margarida, sê muito bem-vinda!  Para te ficarmos a conhecer melhor, gostaria que te apresentasses, falasses um pouco do teu percurso académico e porque é que  optaste por Engenharia Biomédica?

[Entrevistada] – Olá e, desde já, agradeço também o convite! O meu nome é Margarida, tenho 24 anos e fiz o Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica no IST.  Terminei o curso há 1 ano e desde então estou a trabalhar numa consultora, na Everis. Relativamente à minha escolha para ingressar no ensino superior, à partida eu sabia que gostava de Engenharia. Depois percebi que a área da saúde e o poder desenvolver soluções tecnológicas aplicadas à Medicina também me agradavam, daí optar pela Engenharia Biomédica. 

[Entrevistadora] – Certo, obrigada! Foi no 1º ano de mestrado que realizaste a tua experiência  na Bélgica, como surgiu a vontade de participares num programa de erasmus?

[Entrevistada] – Já tinha curiosidade de ter uma experiência de erasmus desde o início do curso. Também sabia que o método de ensino lá fora era diferente do IST e era algo que me entusiasmava pelo que poderia crescer e aprender. Eu fui estudar para a Bélgica, em Leuven. A principal razão para escolher esta cidade em específico foi pela KU Leuven ser uma universidade muito bem cotada a nível europeu. Por outro lado, a Bélgica é uma zona da Europa que eu não conhecia e que apesar de ser um país pequeno tem uma localização bastante central que me permitiu conhecer os países à volta. 

[Entrevistadora] – Então também viste o erasmus como uma oportunidade para conhecer outros locais e aproveitar para lazer?

[Entrevistada] – Sim, também! Leuven é uma cidade muito pequenina, muito direcionada para a vida universitária e esse ambiente suscitou-me interesse por ser muito diferente de Lisboa. Aproveitei para conhecer muito a cidade e as cidades à volta, porque era de muito fácil acesso.

[Entrevistadora] – E em relação à cultura e nível de vida, achaste muito diferente de Portugal?

[Entrevistada] – Sim, acho que a cultura belga é muito diferente da nossa, visto logo, por exemplo, no pequeno pormenor de não se andar de metro, mas sim de bicicleta.  Em relação ao nível de vida na Bélgica, se calhar por estar numa cidade mais pequena, não senti muita diferença. Apesar da ida a um restaurante ou ao cinema ser mais cara, por exemplo ao nível de alojamento, os preços estavam bastante equiparados com Lisboa. Provavelmente em Bruxelas ou noutras cidades maiores já seria diferente.

[Entrevistadora] – Ainda bem! Por vezes, existe algum receio em relação aos processos burocráticos que estão por trás de uma passagem no estrangeiro. Sentiste essa dificuldade?

[Entrevistada] – Sinto que fui muito apoiada e auxiliada por ambas as faculdades o que facilitou a mudança. Comecei por definir o meu plano curricular com a ajuda do coordenador de mobilidade tendo em conta as cadeiras que existiam disponíveis e que teria equivalência com as do IST. Também procurei ajuda de colegas mais velhos que já tinham estado em Leuven e inscritos em cadeiras semelhantes às do meu interesse.  O processo de equivalências, no meu caso, correu bastante bem, consegui equivalência imediata a todas as cadeiras. O pedido de bolsa de estudo e toda a documentação envolvida é também tratada com auxílio do coordenador de mobilidade. Já em Leuven tive de tratar de uma licença de residente temporário, mas também foi uma tarefa simples. 

[Entrevistadora] – A Bélgica tem três idiomas oficiais: o holandês, francês e alemão. Dominavas alguma destas línguas ou tentaste aprender antes da experiência?

[Entrevistada] – Sim, há esses idiomas todos! Em Leuven fala-se holandês e tinha possibilidade de ter aulas gratuitas, 2 vezes por semana, de 3 horas dadas pela universidade. Inicialmente frequentei estas aulas, mas por não ser muito compatível com o meu horário de aulas acabei por desistir. Mas também não senti problemas na comunicação porque todas as pessoas falam  muito bem inglês!

[Entrevistadora] – Assim aproveitaste para praticar a conversação em inglês. Sob o ponto de vista académico, já referiste que o método de ensino foi algo que desde logo te cativou. O plano de estudos que tiveste na Bélgica tinha uma estrutura muito diferente da do IST? Foi de encontro ao que estavas à espera? 

[Entrevistada] – No que toca aos conteúdos programáticos foram semelhantes aos que teria no IST, uma vez que procurei ter cadeiras equivalentes. O método de estudo foi mesmo o aspeto mais diferenciador. Em Leuven o ensino é muito mais prático, no decorrer do semestre fazíamos muitos projetos e a avaliação era essencialmente por exames orais marcados num mês. Tem também uma política anti-plágio muito forte e restrita, tinha de ter muito cuidado com as fontes utilizadas. 

[Entrevistadora] – Dentro dos projetos desenvolvidos há algum que queiras destacar?

[Entrevistada] – Na altura tive uma cadeira chamada “Health Data Processing” em que, semanalmente, analisamos sinais reais obtidos a partir de dispositivos médicos.  Achei muito interessante por serem, de facto, desafios reais a que era mais fácil dar sentido. 

[Entrevistadora] – Achas que essa diferença de foco no método de estudos influencia a forma como a Engenharia Biomédica é vista na Bélgica? Conseguiste ter a perceção se os nossos conhecimentos são mais validados e reconhecidos em relação a Portugal?

[Entrevistada] – Em termos de mercado de trabalho, sinto que não tive tempo suficiente para ter essa perceção. Mas em concordância com o que referi, acho que um método de ensino muito mais prático revela-se numa visão diferente por parte dos alunos, em comparação com o IST: são alunos mais interessados e estimulados a realizar projetos e ideias ao longo do curso (e não só no final); acho que já têm experiência mais prática e real, fomentada pela faculdade, e conseguem mais facilmente perceber onde se inserem no mercado de trabalho e o valor que possuem. 

[Entrevistadora] – Teres de desenvolver essa capacidade de pensar mais à frente, sentes que foi a tua maior aprendizagem?

[Entrevistada] – Sim, foi exatamente por aí! Tive de mudar o chip da maneira de estudo e tentar focar-me mais nos projetos e no conhecimento que posso absorver deles para aplicar mais tarde. Não foi uma mudança de um dia para o outro, mas fui muito ajudada e incentivada a pensar de forma diferente pelos professores. Este método de ensino mudou muito o meu mindset e acabei por gostar mais!

[Entrevistadora] – Foi uma experiência incrível para mudares o mindset, portanto e como mote para terminarmos esta entrevista, se pudesses complementar esta conversa com palavras de incentivo, o que dirias? 

[Entrevistada] – Eu aconselho imenso! Acho que independentemente da universidade é uma experiência que a nível pessoal só traz vantagens, porque somos obrigados a sair da nossa zona de conforto, adaptarmo-nos a novas situações, conhecer pessoas e locais novos e desenvolvermos uma gestão autónoma do nosso dia-a-dia.  Aproveito para incentivar-vos a irem para a mesma  universidade que eu porque, para além de ser uma ótima faculdade a nível europeu, é uma das faculdades mais bonitas em que eu já estive! Do ponto de vista profissional, acho que as experiências que são um bocadinho diferentes também são sempre valorizadas. Não é necessariamente a experiência de erasmus, mas aquilo que a experiência dá. Uma entidade que sabe que foste de erasmus pressupõe que tiveste uma fase de adaptação e crescimento, que tiveste de conhecer novas realidades e que tens essa vontade de aprender mais.

[Entrevistadora] – Acaba por mostrar um bocadinho da nossa personalidade, de sermos adaptáveis e flexíveis. Obrigada Margarida por te mostrares disponível e desejo-te, em nome da ANEEB, muito sucesso em todos os projetos que te envolvas!

A ANEEB agradece por teres aceite esta entrevista e pela partilha da tua experiência fora de Portugal, esperando com isto ajudar outros estudantes que estejam prestes a tomar esta decisão. Votos de sucesso