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Entrevista a Joana Pereira

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Joana Pereira

Mestre em Engenharia Biomédica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra

A ANEEB teve o prazer de entrevistar uma das alunas que está atualmente a frequentar o 4ºano do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Joana Pereira, no dia 12 de agosto de 2019, tendo tido oportunidade de fazer Erasmus na Finlândia.

[Entrevistadora] – Patrícia Falcão (ANEEB)

[Entrevistada] – Joana Pereira

 

Vê aqui a Entrevista completa!

[Entrevistadora] – Quando realizaste a tua experiência?

[Entrevistada] – Fiz Erasmus no 1ºsemestre do 4ºano do Mestrado Integrado, entre setembro e dezembro de 2018.

[Entrevistadora] – Onde realizaste a tua experiência e porquê esse sítio?

[Entrevistada] – Eu fui para a Finlândia, para a Universidade de Aalto. Não era a minha primeira opção, mas gostei imenso e ainda bem que acabei por entrar lá. Acho que talvez fosse um sítio ao qual não iria se não fosse assim. E com isto acabei por conhecer imensos países à volta.

[Entrevistadora] – Porque tomaste a decisão de ir de Erasmus/outros?

[Entrevistada] – Eu sempre soube que queria fazer Erasmus, desde sempre que quis ter uma experiência no estrangeiro. Quando surgiu a oportunidade, e estava no 3º ano quando começou todo o processo de candidatura, decidi então ir.

[Entrevistadora] – Quais foram as maiores dificuldades a nível burocrático? (Learning agreement etc)

[Entrevistada] – Falando da parte da Finlândia, acho que foi tudo muito simples, está tudo muito bem explicado em todos os sites. Quanto à parte portuguesa, também acho que se consegue fazer tudo com facilidade, mas achei realmente que na parte de lá está mesmo tudo muito bem organizado havendo menos burocracia. Enquanto que em Coimbra sentia que tinha que falar com mais do que uma pessoa, na Finlândia, era tudo tratado com a mesma. Por exemplo, até ao nível de aquisição do passe dos transportes era tudo muito menos burocrático e tratado diretamente com o coordenador.

[Entrevistadora] – Foi fácil comunicar com os coordenadores de Erasmus cá e lá e com as divisões de apoio de Erasmus?

[Entrevistada] – Correu tudo muito bem. Relativamente à Finlândia, não só os coordenadores, mas também os professores eram muito acessíveis. Ao início tive que fazer algumas alterações de cadeiras e foi muito fácil tratar deste aspeto falando com ambos os coordenadores.

[Entrevistadora] – Qual foi o tua escolha a nível de alojamento? Tiveste dificuldades em conseguir? (optaste por residência/casa, porquê?)

[Entrevistada] – Lá [Universidade de Aalto] existem duas empresas que alugam casas a estudantes e eu tive a sorte de ficar numa dessas. Eu candidatei-me às duas, à HOAS e à AYY, e acabei por ficar numa casa da HOAS que são, maioritariamente, mobiladas. O quarto era caro quando comparado a um em Coimbra.

[Entrevistadora] – Em relação ao nível de vida do país em que tiveste poderias esclarecer e dar informações de como é comparado com portugal? (Muito mais caro que portugal/foi possível estar low budget e aproveitar ao mesmo tempo)

[Entrevistada] – O custo de vida é mais elevado. Por exemplo, um passe de transportes é cerca de 50€ já com o desconto de estudante incluído. A comida é mais cara nos supermercados deles, mas eu costumava ir ao Lidl que tem mais ou menos os mesmos preços que aqui e também tinham relativamente os mesmos produtos que cá. Comer fora também é mais caro. As saídas à noite são muito caras também. Paga-se entrada em praticamente todos os bares. O álcool é igualmente caro. Sinceramente, acaba por compensar ir à Estónia comprar álcool (risos). Quase toda a gente o faz. O barco de ida e volta, custa 12€ (o mais barato que se encontra), demora 3h, então aproveita-se a viagem para passear durante o dia em Tallinn e fazer compras no regresso.

Apesar de ser um país caro, eu sempre soube que queria muito viajar enquanto fazia Erasmus, então também trabalhei no verão e consegui levar mais dinheiro comigo para que também pudesse aproveitar. Acabei por viajar, por exemplo, até à Rússia, Suécia, Estónia e Copenhaga.  

[Entrevistadora] –  Foi fácil adaptares-te ao clima de lá?

[Entrevistada] – Em dezembro não é muito fácil porque só é de dia praticamente durante 5 horas, entre as 10h e as 15h30, sensivelmente. Quando chega às 18h tu ficas com a sensação que já é hora de te deitares porque já está de noite há imenso tempo (risos). Isto foi talvez a parte mais chata. Quanto ao clima, apesar do frio no exterior, como qualquer edifício ou até transporte é aquecido, não há qualquer problema, mas quando se anda na rua devemos andar mesmo agasalhados. 

[Entrevistadora] – Precisaste de fazer algum seguro de saúde? (e se alguma vez precisaste de usar correu tudo bem?)

[Entrevistada] –   Fiz o cartão Europeu de Seguro de Doença, mas nunca precisei de usá-lo. No entanto, quando cheguei lá, foi-me sugerido que fizesse um cartão que custava 60 ou 70€ e que entre outros, incluía um serviço de saúde da universidade.  Na altura achei melhor fazer, mas nunca utilizei. No entanto conheço um caso de alguém que precisou, ligou para lá de manhã e conseguiu uma marcação no mesmo dia ao fim da tarde.

[Entrevistadora] – Aprendeste a língua antes de ires/ou só lá? ( se sim Como?/ se não, foi uma barreira para ti?)

[Entrevistada] – O Finlandês é extremamente complicado, não se consegue mesmo perceber. No entanto, a parte boa é que todos sabem falar inglês, desde pessoas mais novas a de mais idade, e as coisas pela cidade também têm tradução, por isso nunca senti necessidade de aprender a língua. Ainda tentei inscrever-me num curso oferecido pela universidade, mas as vagas já tinham sido preenchidas. Fiquei essencialmente a saber o básico de Finlandês. 

[Entrevistadora] – Sentiste-te bem recebida e que tinhas apoio lá?

[Entrevistada] – Sim. Sinto que em Coimbra, por exemplo, quando somos caloiros somos muito bem recebidos e nunca estamos sozinhos. Acabamos por conhecer as coisas com os mais velhos. Na Finlândia aconteceu um pouco isto também. A primeira semana é a de acolhimento em que os mais velhos, que eram como se fossem os nossos tutores, nos ajudavam em tudo. Senti-me também muito bem recebida pelos professores e funcionários.

[Entrevistadora] – A tua ideia/expectativa do que seria a experiência foi aquilo que encontraste na realidade?

[Entrevistada] – Sim. Foi uma experiência excelente. Sinceramente até estava à espera que eles, os finlandeses, fossem mais distantes e mais frios, mas não senti isso. E muito menos na universidade.

[Entrevistadora] – Sentiste algum tipo de choque cultural ou dificuldade em te adaptares?

[Entrevistada] – Não, correu tudo bem nesse sentido. 

[Entrevistadora] – Se soubesses o que sabes hoje terias feito algo diferente?

[Entrevistada] –  O que me custou mesmo foi o início. Eu era para ir com outra rapariga, mas acabei por ser a única da minha faculdade a ir. Fui uma semana antes de começarem as aulas e estar lá sozinha custou-me imenso porque não conhecia ninguém. Acho que talvez tivesse ido só uns 2 dias antes das aulas começarem.

[Entrevistadora] – Arrependes-te de algo?

[Entrevistada] – Não me arrependo de nada. Como disse, a única coisa que mudava era mesmo não ter ido uma semana antes das aulas começarem. 

[Entrevistadora] – O que te ensinou esta experiência?

[Entrevistada] – Com isto aprendi que é mesmo possível conciliar tudo: o estudo, a vida social, as viagens. É possível fazer isto tudo. Além disso também acho que me tornei mais independente. 

[Entrevistadora] – O que aconselharias neste momento a alguém que planeie ir? (alojamento/zonas da cidade/saídas à noite/etc)

[Entrevistada] – Foi o que já fui dizendo ao longo da entrevista (risos). Em primeiro lugar, se precisarem podem mesmo falar comigo sem problema! Acho que o melhor conselho é mesmo para aproveitarem bem a estadia, para aproveitarem as atividades que são lá organizadas por eles. Se se adicionarem nos grupos do facebook, também vão estando sempre a par das novidades. Acho também que não vale a pena adquirir o cartão da ESN na Finlândia, porque pelo facto de já sermos estudantes já temos imensos descontos, mas é uma questão de verem em maior pormenor.

A ANEEB agradece por teres aceite esta entrevista e pela partilha da tua experiência fora de Portugal, esperando com isto ajudar outros estudantes que estejam prestes a tomar esta decisão. Votos de sucesso!