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Entrevista a Inês Costa

Inês Costa

Academic Sucess Manager na AVEVA em Frankfurt

A ANEEB teve o prazer de entrevistar Inês Costa! A Inês falou-nos sobre a sua experiência internacional na Alemanha, nomeadamente no seu período de estágio no Forschungszentrum Jülich, e em Barcelona, onde exerceu funções na Roche e na Siemens Healthineers!

[Entrevistadora] – Luísa Balbino (ANEEB)
[Entrevistadora] – Mafalda Aguiar (ANEEB)
 
Vê aqui a Entrevista completa!

[Entrevistadora]: Olá a todos, sejam bem-vindos! Eu sou a Luísa e sou colaboradora do Departamento de Formação e Saídas Profissionais da ANEEB e estou acompanhada pela Mafalda, que é colaboradora do Departamento de Ensino e Ação Social.. Hoje temos conosco a Engenheira Inês Costa, que tirou o Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica na Universidade de Lisboa com Especialização em Imagem Médica e Processamento de Sinal. A Inês teve a oportunidade de fazer um estágio em Jülich, Alemanha, mais especificamente no Forschungszentrum Jülich onde foi também Research Assistant. De seguida, foi Product Specialist na Roche em Barcelona e depois Regional Instrument Specialist na Siemens Healthineers também em Barcelona, sendo agora Academic Sucess Manager na AVEVA em Frankfurt.

 

[Entrevistadora]: Obrigada por estares presente Inês, sê bem vinda! Começo por perguntar o que te levou a escolher Engenharia Biomédica?

 

[Entrevistada]: Em primeiro lugar, obrigada por este convite, acho que é uma iniciativa muito muito boa para dar a conhecer aquilo que acontece depois de terminar o curso e tomara a mim que no meu tempo houvesse uma iniciativa deste género. Em relação a como aconteceu ir estudar Engenharia Biomédica foi um bocadinho por acaso. Eu quando entrei na faculdade tinha 17 anos e tinha pouca ou nenhuma ideia daquilo que queria fazer e especialmente naquilo que a minha carreira se podia tornar. Eu era boa aluna, sempre fui, durante o ensino médio e secundário e por isso houve sempre aquela pressão de ir para medicina. Eu não gostava exatamente de medicina e entao quando descobri que existia Engenharia Biomédica foi um bocadinho alinhar a parte da saúde á parte da tecnologia e achei okay isto é uma coisa que eu provavelmente vou gostar de estudar  e provavelmente tem boas perspectivas a nível construção de carreira. Quando cheguei a esta conclusão foi quando comecei também a investigar as ofertas curriculares das diferentes universidades em portugal e acabei por aterrar na FCUL em grande parte por causa da existência da cadeira de Estágio no final da licenciatura, que eu já acabei o curso há algum tempo mas eu espero que ainda exista porque é uma excelente oportunidade esta cadeira em específico.

 

[Entrevistadora]: Durante o curso, acabaste por fazer um estágio na Alemanha, o que é que te levou a escolher fazer este estágio internacionalmente? Sentes que a tua licenciatura te prepararou bem para este desafio?

 

[Entrevistada]: Eu na altura em que se pôs a oportunidade de fazer estágio ou que neste caso foi no âmbito da cadeira de estágio, exatamente, eu estava bastante interessada na parte de processamento de sinal, processamento de imagem, ressonâncias magnéticas, PET e então comecei à procura de locais fora de Portugal porque já nessa altura eu sabia que queria pelo menos ter a experiência de uma vez trabalhar fora e estar fora do país onde pudesse fazer este estágio. E o contacto com o Forschungszentrum apareceu por via do professor Pedro Almeida e da Doutora Liliana Caldeira que na altura tinha acabado de fazer o doutoramento no IBEB. E se bem me recordo o projeto dela foi feito também um bocadinho em colaboração com o Forschungszentrum e na altura ela tinha sido convidada a continuar o trabalho lá de forma mais permanente e eu aproveitei a boleia e fui trabalhar com ela neste projeto durante dois meses, foi um estágio de verão. E foi um estágio onde eu estive a fazer alguns estudos relativos á qualidade de imagem de imagens de ressonância magnética e sem dúvida que os conhecimentos que eu adquiri durante a licenciatura me ajudaram neste projeto em específico, porque o curso na FCUL pelo menos na minha altura era muito voltado a processamento de sinal e imagens e então haviam muitas ferramentas com as quais eu acabei por trabalhar como SPM e Matlab que eu já conhecia muito bem de ter trabalhado em várias cadeiras na faculdade.

 

[Entrevistadora]: Depois acabaste por ficar durante algum tempo enquanto Research Assistant nesta posição, enquanto desenvolvias a tua tese, podes falar mais um bocadinho acerca desta experiência? Como foi diferente do teu estágio e o que aprendeste?

 

[Entrevistada]: A grande diferença foi a duração. Normalmente os estágios no âmbito da tese costumam ser de  6 meses e eu estive um ano a desenvolver este projeto porque foi uma oportunidade que apareceu de ficar um ano em vez de 6 meses  e de ao ficar um ano ser paga pelo meu trabalho. Aqui na Alemanha, os estudantes têm a oportunidade de fazer isto que se chama mini jobs, ou seja, enquanto eles estão a estudar, especialmente a fazer mestrado, desenvolver alguma atividade em part time remunerada em centros de investigação. Então eu fui contratada pelo Forschungszentrum um bocadinho neste regime de mini Jobs e disseram: “okay podemos fazer isto mas só se vieres um ano”, e eu na altura já sabia que não ia acabar o curso em 5 anos, ainda era mestrado integrado então pensei se não vou acabar em 5 anos mais vale ficar aqui, fazer o projeto com calma, estar um ano a absorver e tentar responder às perguntas que eu tinha na minha cabeça em relação aquilo que eu devia fazer depois do curso. Será que queria fazer um doutoramento, será que queria ir trabalhar para uma empresa, queria ficar em Portugal, queria ficar na Alemanha, queria ir para outro sítio qualquer. Estas coisas que eu precisei do tempo que estive ali na Alemanha a desenvolver aquele trabalho para tentar organizar a minha cabeça. E como foi um ano, tive mais tempo para desenvolver um projeto como deve ser e com continuidade e o que fiz durante a minha tese foi, eu estava a investigar algoritmos de parametrização de imagens de PET feitas com o marcador FET para tentar encontrar um algoritmo que permitisse na reconstrução das imagens parametrizadas distinguir diferentes níveis de tumores cerebrais, especificamente de gliomas e tentar só olhando para a imagem ter uma ideia de que tipo de glioma é que o paciente tinha sem ter que fazer uma biópsia, esse era o objetivo do trabalho.

 

[Entrevistadora]: Okay, e o estilo de vida Alemão? Quais são as maiores diferenças que sentiste comparado com o mundo de trabalho dos portugueses e dos alemães?

 

[Entrevistada]: Especificamente em relação ao mundo do trabalho, é difícil dizer, porque eu nunca trabalhei em Portugal, por isso não sei. Sei aquilo que me dizem obviamente família e amigos das realidades que vivem mas para o bem ou para o mal eu nunca trabalhei em Portugal. Aquilo que sei é que não há lugares perfeitos e  há coisas boas e menos boas em todo o lado. Isto é algo que se sabe bem é que os alemães são mais fechados que os portugueses, é muito mais difícil fazer amigos aqui do que em Portugal, não só pelo próprio feitio deles, são um bocadinho mais reservados mas também a barreira linguística, porque ainda que todos eles falem inglês relativamente bem, especialmente numa cidade estudantil como era Aachen onde eu vivi, em Frankfurt onde há imensos estrangeiros e toda a gente fala inglês é sempre difícil quando se trata de comunicação a um nível pessoal e de amizade estar a fazer esta comunicação numa língua que é a tua segunda ou terceira língua, vai ser mais complicado, vai ser desconfortável e nisto sei do que falo porque é a realidade que eu vivo e tenho vivido. Mas há exceções, é possível fazer amigos na Alemanha. Há outras coisas que está se é uma coisa menos boa, há outras coisas que eu aprecio muito neles. Uma delas é o estilo de comunicação, os alemães são muito mais frontais, muito mais diretos ao assunto que os portugueses, o que eu aprecio bastante. São muito ativos, faz se muito desporto aqui, faça chuva ou faça sol é sempre possível ver alguém a correr na rua a andar de bicicleta, a ir para a montanha fazer escalada, é muito popular aqui e eu acho que a nível profissional aqui há muito mais atenção pelo balanço entre trabalho e vida pessoal em comparação com Portugal. Uma coisa curiosa que eu acho que nunca ainda vi ninguém a falar disto e eu ignorava completamente até vir para a Alemanha foi a reação deles aos nossos nomes. Os portugueses têm geralmente três, quatro, cinco e às vezes mais nomes, certo? Isso é uma coisa super estranha aqui, eles só tem primeiro nome e último nome e é uma dor de cabeça preencher qualquer tipo de  formulário aqui na Alemanha porque todos os formulários são feitos para primeiro nome e depois um espacinho para o apelido. E essa parte é um bocadinho diferente, toda a gente fica muito surpresa quando eu digo que tenho 4 nomes e digo já que em Espanha o meu nome também foi um problema porque lá usam se dois apelidos só que pela ordem diferente. Nós em Portugal pomos primeiro o da mãe e depois o do pai e em Espanha põe primeiro o do pai e depois o da mãe. Eu passei 4 anos que tive em Espanha a ser Inês Monteiro em vez de Inês Costa. A minha mãe ficou super contente, o meu pai nem por isso.

 

[Entrevistadora]: Depois de dois anos na Alemanha como disseste foste para Espanha. E então tiveste a trabalhar para a Roche, enquanto Product Specialist em Barcelona, como é que surgiu esta oportunidade?

 

[Entrevistada]: Eu quando acabei o contrato em Jülich, sabia duas coisas que não queria fazer um doutoramento e que não queria voltar para Portugal. Então o que eu fiz foi, eu tive que voltar a Portugal tempo suficiente para acabar a tese e entregar, mas comecei imediatamente à procura de oportunidades fora e encontrei esta posição na Roche, procurando diretamente no site da empresa, onde sorte a minha eles estavam à procura de alguém que falasse Português nativo e que fossem engenheiro biomédico.

 

[Entrevistadora]: Muito bom. E, ou seja o trabalho que desempenhas-te na Roche foi um bocadinho diferente daquele que desempenhaste na Alemanha, e até da tua área de estudo um pouco.O que é que esta mudança te ensinou, e o que é que achas que ganhaste em termos de aptidões assim nesta mudança.

 

[Entrevistada]: Em termos gerais, a minha experiência diz-me que qualquer trabalho que se desenvolva em ambiente empresarial vai ser muito diferente daquele que se desenvolve na academia, com a excepção, talvez, de research and development. O que que eu faço atualmente, é completamente diferente daquilo que eu estudei, mas o que fazia na Roche ainda estava, ainda que remotamente, ligado a Engenharia Biomédica. Eu trabalhava com máquinas de diagnóstico de laboratório, especificamente na área de suporte técnico. Eu comecei a trabalhar, inicialmente, com o mercado português, porque era uma posição de apoio técnico mas maior parte do tempo era remote. E depois, há medida que fui aprendendo a falar espanhol comecei a trabalhar também com clientes espanhóis. E a verdade é que entre esta posição na Roche e outras mais tarde eu acabei por trabalhar em suporte técnico por uns bons anos. É um trabalho muito desgastante, há muita pressão e muita necessidade de pensar rápido, principalmente quando se trata de equipamento médico. Este é um equipamento que está em hospitais e há vidas a depender da nossa capacidade de resolver o problema e pôr a máquina a funcionar. É bastante responsabilidade, e por isso mesmo aprende-se muito. A nível técnico, ninguém vai conhecer melhor aquela máquina, aquele software ou aquele produto, do que nós que trabalhamos em trabalho técnico, porque nós vemos a máquina quando ela tem problemas e a nossa função é pô-la a fucnionar novamente. Depois também se aprende muito a nível interpessoal: como lidar com o cliente, como gerir essas situações de alta pressão e as expectativas e também muito importante, como gerir o nosso tempo para manter alguma sanidade mental.

 

[Entrevistadora]: Poderias falar-nos um pouco da tua experiência na Siemens e que funções desempenhaste?

 

[Entrevistada]: Na Siemens eu também trabalhava com máquinas de diagnóstico de laboratório, e também trabalhava na equipa de suporte técnico, a diferença é que eu estava especializada num só equipamento em vez de dar suporte a nove ou dez como era o caso quando trabalhava na Roche. A minha função, era geralmente, quando não havia um problema que não podia ser facilmente resolvido pelos engenheiros de serviço, eu era uma das pessoas a quem eles podiam ligar para pedir ajuda. Isso significa também que era uma posição mais global, porque eu ajudava engenheiros na Europa, Médio Oriente e África. A maior parte do tempo era remoto, mas também houve ocasiões onde eu cheguei a acompanhar instalações ou a deslocar-me diretamente a clientes quando o problema era mesmo complicado e requeria a minha intervenção direta.

 

[Entrevistadora]: Depois do teu tempo em Barcelona, voltaste para a Alemanha, porquê voltar? E durante estes tempos de mudança, nunca consideraste voltar para Portugal?

 

[Entrevistada]: A verdade é que eu apaixonei-me, foi o que aconteceu. (risos) É um bocadinha díficil de acreditar, eu sei, porque parece filme, mas o que aconteceu foi que quando eu estava na Siemens em Barcelona, eu conheci um colega que trabalhava na Siemens em Frankhurth, e foi amor à primeira vista. Às vezes acontece, às vezes não é a nossa carreira que nos leva para outros sítios, às vezes é o amor. Tivemos uma relação à distância durante uns seis ou sete meses, que nem era realmente longa distância, porque nós estávamos juntos todos os fins de semana. Na altura era 2019, a Ryanair ainda voava entre Frankfurth e Barcelona e voava com preços de 2019, ou seja era quase a mesma coisa do que apanhar uma autocarro. O que aconteceu depois, foi que depois veio a pandemia, eu fiquei presa, aqui em Frankfurth durante a pandemia quando eles fecharam as fronteiras e depois eventualmente quando as fronteiras abriram, nós decidimos que não queriamos ficar longe um do outro e eu aproveitei, voltei para a Alemanha, fiz uma volta de 180º à minha carreira e aqui estou. E é por isso que na altura não fez muito sentido voltar a Portugal. Eu não digo que nunca vou voltar, mas atualmente, é uma decisão que quer por motivos pessoais, quer por motivos profissionais, não faz muito sentido.

 

[Entrevistadora]: O que é que achas que viver no estrangeiro te ensinou, e ainda está a ensinar?

 

[Entrevistada]: Muitas coisas, e é díficil não cair nos clichés quando se responde a esta pergunta. É verdade que viver no estrangeiro abre os horizontes. Conhecemos pessoas, e eu tenho tido o prazer de conhecer pessoas dos quatro cantos do mundo. E ajudou-me imenso a crescer, a enriquecer as minhas perspectivas, a melhorar a forma como eu vejo o mundo. Além disso, a nível pessoal, e isto é uma coisa muito pessoal e eu sei que depende muito de pessoa para pessoa. Mas para mim de cada vez que eu mudei de cidade, de cada vez que mudei de país, especialmente quando o fiz sozinha, houve uma sensação de liberdade indescritível. Ser anónima, ter a oportunidade de reinventar me num lugar onde eu não conheço ninguém e ninguém me conhece, ter todas as possibilidades para começar de novo, ser forçada a sobreviver a contar apenas comigo, porque eu não tinha nenhuma rede de apoio quando vim pela primeira vez para a Alemanha, quando fui para Espanha…. Eu não tinha ninguém E no fundo, ser capaz de fazer isto, viver no estrangeiro sozinha ajudou a descobrir capacidades e qualidades que eu não sabia que tinha, e tirou-me o medo de arriscar e ir para a frente. Mas é claro, para mim, até agora, tem sido muito bom. A minha experiência não é igual a toda a gente, e eu sinto me na obrigação também de dizer isto, especialmente tendo em conta o clima atual. Emigrar não é a panaceia, e ser imigrante pode ter as qualidades que vemos que tem, mas também pode ser muito solitário. Se pensarem no assunto, estamos numa terra estranha, rodeados de pessoas diferentes de nós, numa cultura diferente da nossa, uma língua diferente… Nós não entendemos o que as pessoas nos dizem na rua. E mesmo quando chegamos aquele ponto em que ficamos fluentes e conseguimos comunicar de forma eficiente, nós nunca vamos realmente pertencer a este local. Eu nunca vou ser realmente Alemã, eu não nasci aqui, eu não cresci aqui. Há uma data de referências que me faltam, e ao mesmo tempo, quando eu vou visitar os meus pais a Portugal, Portugal já não é casa. É uma sensação muito estranha. Eu chego lá, e sinto-me… Sei lá…sinto-me estranha, como já não pertencesse. Eu sou de todo o lado onde já estive e pelo qual já passei, mas ao mesmo tempo não sou de lado nenhum e é uma sensação de desconforto permanente, e podemos escolher abraçar esse desconforto e aceitar que esta é a minha realidade e a minha casa sou eu, eu e as pessoas que eu amo. Podemos encará-lo como parte de nós, mas eu entendo que há pessoas que se calhar não se dão bem com esta realidade, que não querem fazer este tipo de ação e está tudo bem. Cada caso é um caso. Não é preciso viver-se fora para se ser bem-sucedido e para ser feliz.

 

[Entrevistadora]: Uma ótima resposta obrigada! Aqui em Portugal somos muito incentivados a ir para fora, porque não vamos arranjar trabalho, não vamos trabalhar numa àrea que é a nossa e acho que é bom para nós também ouvir esta prespetiva. E agora nesta parte mais profissional, onde é que te vês profissionalmente daqui a 5 anos?

 

[Entrevistada]: Ah, não faço ideia. Eu sempre detestei quando me faziam esta pergunta. Eu já andei a saltitar de trabalho em trabalho várias vezes, como vocês podem ver, e da última vez que mudei de posição, fizeram-me esta pergunta, e eu disse “Eu não faço a mínima ideia”. Se me tivessem feito exatamente a mesma questão há quatro anos, antes de eu conhecer o meu marido, eu tinha dito “Ah, eu vou continuar aqui em Barcelona, estou aqui tão bem, o meu trabalho é tão bom”. Nós nunca sabemos o que a vida nos atira, e que tipo de malabarismos temos de fazer,às vezes há oportunidades que surgem sem nós contarmos, e às vezes há planos que nós fazemos que vão por àgua abaixo. Se há algo que eu aprendi, é a desenrrascar. No fundo, eu prefiro, lidar com aquilo que vai aparecendo e ir lidando com as coisas uma a uma, do que ir fazendo grandes planos, daquilo que eu quero daqui a cinco anos. O que eu quero é ser feliz, o que vier em termos de carreira vem e eu tenho a certeza que tenho a capacidade de lidar com isso e de aproveitar as oportunidades.

 

[Entrevistadora]: Se pudesses dar um conselho a alguém que queira ter um percurso internacional como o teu, o que é que dizias?

 

[Entrevistada]: O conselho que eu dou, foi aquele que a minha mãe me deu há muitos anos atrás, que foi “o não está sempre garantido”. Mesmo que vocês vejam uma posição, uma oportunidade que pensem que está muito para além das vossas capacidades, não interessa. Arrisquem. Vão. Sem medos. Mesmo que não se sintam preparados, não interessa. Porque se vocês estiverem à procura, do momento em que se vão sentir preparados, vocês nunca vão. É ir e lidar com as consequências depois. E se correr mal, porque às vezes corre mal, se não gostarem daquilo que estão a fazer, se não gostarem do sítio que estão, se chegarem à conclusão que esse percurso não é aquilo que querem para a vossa vida, mudem. Recomecem, voltem atrás. Às vezes mais vale darem um passo atrás para avançar dos passos à frente, do que estarem ali presos numa ideia, numa espectativa que fizeram, não vale a pena. É arriscar e se estiverem mal mudem-se, porque não vale a pensa. Isto també, é uma coisa que tive de aprender, não interessa o percurso das outras pessoas, vocês têm o vosso próprio percurso. Não se comparem ao que os outros estão a fazer, ou fizeram ou vão fazer. Vivam a vossa vida e não se deixem deitar abaixo com aquilo que as outras pessoas estão a fazer que vocês acham que não conseguem, porque vocês conseguem.

 

[Entrevistadora]: Inês, muito obrigada mais uma vez pela tua amabilidade em estar aqui hoje presente a dar o teu testemunho. Foi um prazer ficar a par das tuas experiências e vivências que certamente inspiraram quem nos está a ver em casa. E a quem nos esteve a ver resta-nos agradecer por nos terem acompanhado ao longo deste percurso tão interessante.

 

A ANEEB agradece por teres aceite esta entrevista e pela partilha da tua experiência fora de Portugal, esperando com isto ajudar outros estudantes que estejam prestes a tomar esta decisão. Votos de sucesso