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Entrevista a Inês Baptista

Inês Baptista

Mestre em Engenharia Biomédica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

A ANEEB teve o prazer de entrevistar uma das alunas que está atualmente a frequentar o 5ºano do Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Inês Baptista, no dia 12 de agosto de 2019, tendo tido oportunidade de fazer Erasmus na Finlândia.

[Entrevistadora] – Patrícia Falcão (ANEEB)

[Entrevistada] – Inês Baptista

 

Vê aqui a Entrevista completa!

[Entrevistadora] – Quando realizaste a tua experiência? 

[Entrevistada] – A minha experiência Erasmus começou em janeiro e vai terminar em setembro deste ano.

[Entrevistadora] – Onde realizaste a tua experiência e porquê esse sítio?

[Entrevistada] – Estou em Tampere, Finlândia, a cerca de 2 horas de Helsínquia. Quando pensei em fazer erasmus, quis sempre ir para um país nórdico para perceber a sua organização e ter a experiência de viver num país tão díspar de Portugal, que é mais sul. Entretanto surgiu este projeto em que estou, no laboratório da Universidade de Tampere, que era um tema que me agradava. Como era na Finlândia, acabei por ir.

[Entrevistadora] – Porque tomaste a decisão de ir de Erasmus/outros?

[Entrevistada] – Eu já sabia que queria fazer Erasmus desde o início da faculdade. Acho que a oportunidade de estudar ou trabalhar num país completamente diferente, fora do que se está habituado, durante algum tempo é uma experiência única. Além disto, tudo isto desenvolve muitas competências tanto a nível do inglês como de soft skills. Por isto tudo, decidi fazer Erasmus. No entanto, não estou numa experiência típica de Erasmus durante um semestre a ter aulas, mas sim a fazer a tese.

[Entrevistadora] – Quais foram as maiores dificuldades a nível burocrático? (Learning agreement etc)

[Entrevistada] – Eu tive muita sorte porque uma pessoa que já cá está a fazer doutoramento tinha feito um percurso semelhante ao meu e tinha feito aqui o mestrado em Erasmus. Então tive sempre alguém a quem pedir ajuda e recorrer. Isso ajudou-me bastante porque como estou em Erasmus a fazer tese de mestrado e não num semestre com cadeiras torna-se mais complicado. No entanto, a Finlândia é muito organizada e são muito acessíveis. 

[Entrevistadora] – Foi fácil comunicar com os coordenadores de erasmus cá e lá e com as divisões de apoio de erasmus? 

[Entrevistada] – O meu coordenador da Finlândia e o de Portugal colaboram em vários projetos, pelo que comunicar com os dois foi muito fácil e acessível. Como a Finlândia é um país muito organizado torna também tudo muito mais fácil. Quanto a Portugal, sinceramente também não me posso queixar. Acho que o grande conselho é ligar e fazer as questões todas, evitando os emails que demoram mais tempo a serem respondidos. 

[Entrevistadora] – Qual foi o tua escolha a nível de alojamento? Tiveste dificuldades em conseguir? (optaste por residência/casa, porquê?)

[Entrevistada] – A Finlândia, pelo menos onde estou, tem um sistema em que a própria faculdade tem entidades associadas que arrenda apartamentos. No caso onde estou, refiro-me à TOAS e POAS. Tratam-se de apartamentos para estudantes e podes escolher o tipo de alojamento, como um estúdio, um apartamento com dois quartos e assim. É muito fácil de se fazer a candidatura, mas para nos candidatarmos para uma residência temos que estar sempre no computador a fazer refresh (risos) até as candidaturas abrirem. Isso ajudou-me imenso.

[Entrevistadora] – Como é que é o estilo de vida na Finlândia?

[Entrevistada] – A Finlândia é um país muito organizado, não há filas para nada e é tudo feito na hora. É diferente de Portugal em alguns níveis. As pessoas são mais reservadas, as ruas são muito mais silenciosas, mesmo até no centro da cidade. Algo a que eu ainda não me habituei é que os finlandeses têm muito em consideração os tempos de descanso. Tudo o que são edifícios que não sejam supermercados estão fechados ao domingo e sábado à tarde, então se durante o fim de semana quiser ir a um shopping não consigo (risos). Outra característica dos finlandeses é o conforto da casa. Como na maior parte do tempo o clima não é muito agradável no exterior, eles acabam por criar um ambiente nas suas casas muito acolhedor. Por outro lado, quando o tempo de verão chega toda a gente sai à rua, as pessoas vão aos lagos e aos jardins aproveitar o dia.

[Entrevistadora] – Em relação ao nível de vida do país em que tiveste poderias esclarecer e dar informações de como é comparado com Portugal? (Muito mais caro que Portugal/foi possível estar low budget e aproveitar ao mesmo tempo)

[Entrevistada] – A nível de quarto e de casa estava à espera de algo muito mais caro. Comparativamente a Lisboa, talvez até seja um pouco mais barato se concorrermos ao alojamento concedido pelas empresas da universidade. Nos supermercados há coisas mais caras que em Portugal, mas como nos habituamos a ouvir que o custo de vida nos países nórdicos é muito elevado, eu acabei por estar à espera de algo pior do que aquilo que encontrei. No geral é mais caro, mas o que é mais essencial é relativamente acessível. No entanto, como os voos de Helsínquia também são um pouco caros, pelo menos viajar de avião estando de erasmus na Finlândia, não é muito barato.

[Entrevistadora] – Precisaste de fazer algum seguro de saúde? (e se alguma vez precisaste de usar correu tudo bem?)

[Entrevistada] –  Fiz o cartão Europeu de Seguro de Doença apenas, mas nunca o utilizei.

[Entrevistadora] – Aprendeste a língua antes de ires/ou só lá? ( se sim Como?/ se não, foi uma barreira para ti?)

[Entrevistada] – Ainda só sei duas palavras em finlandês (risos). É uma língua realmente difícil e complexa, mas felizmente todas as pessoas, desde os mais novos aos mais velhos sabem falar inglês pelo que não há qualquer problema. 

[Entrevistadora] – Sentiste-te bem recebida e que tinhas apoio lá?

[Entrevistada] – Sim, completamente. A Universidade foi ótima, assim como o grupo de investigação com quem estou a trabalhar. Todos foram muito simpáticos a receberem-me e a ajudarem-me a adaptar aqui.

[Entrevistadora] – A tua ideia/expectativa do que seria a experiência foi aquilo que encontraste na realidade?

[Entrevistada] – Sim, no geral sim. Talvez só não estivesse à espera que a Finlândia fosse um país tão parado na medida em que os finlandeses gostam muito de tranquilidade.

[Entrevistadora] – Sentiste algum tipo de choque cultural ou dificuldade em te adaptares? 

[Entrevistada] – Não, sinceramente não. Há coisas mínimas, como não terem estores como deve ser (risos). No entanto, acho que não há nada que seja muito negativo. 

[Entrevistadora] – Se soubesses o que sabes hoje terias feito algo diferente? 

[Entrevistada] –  Talvez tivesse aproveitado outros 6 meses num outro país, mas desta vez a fazer cadeiras.

[Entrevistadora] – Arrependes-te de algo?

[Entrevistada] – Não. 

[Entrevistadora] – O que te ensinou esta experiência?

[Entrevistada] – Ensinou-me que me sei desenrascar mais do que estava à espera (risos), o que é ótimo. Deu-me mais responsabilidade, mais confiança e independência.

[Entrevistadora] – O que aconselharias neste momento a alguém que planeie ir? (alojamento/zonas da cidade/saídas à noite/etc).

[Entrevistada] – A Finlândia é um país bastante calmo, muito bonito a nível de natureza. Não tem muita cultura a nível de monumentos e espetáculos, mas tem paisagens lindas. Quanto à própria cultura do povo, eles são muito calmos e reservados, mas às sextas e sábados eles gostam de aproveitar verdadeiramente (risos). Quem vier aqui e for a festas, fica com histórias para contar de certeza! É um país com ótimas condições a todos os níveis. Aconselho que ao nível de alojamento procurem o tipo de empresas que falei que alugam apartamentos porque aí os preços são significativamente mais acessíveis.

A ANEEB agradece por nos teres concedido esta entrevista e pelo teu feedback da tua experiência em Erasmus. Esperamos com esta ajudar outros estudantes que estejam na mesma situação.