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Os fluidos magnéticos tratam-se de nanopartículas magnéticas em suspensão. Além da sua aplicação mais direta em ressonância magnética, são utilizados no tratamento de cancro por hipertermia e, enquanto marcadores, permitem a quantificação de substâncias biologicamente ativas. Por estes motivos, têm-se revelado um importante fator no desenvolvimento de novas tecnologias para a saúde [1].

Demonstrou-se que nanopartículas unidas a anticorpos que se dirigem contra marcadores de superfície na célula constituem um modo eficaz de separação celular, o que se mostra relevante no tratamento de determinadas patologias. Um exemplo de aplicação é a segregação de  metástases e leucócitos. No entanto, é necessário atentar ao tamanho destas partículas, pois isto influencia a formação de agregados, ocorrendo a sedimentação dos fluidos magnéticos presentes e tornando os métodos de tratamento inviáveis [2]. Um modo de colmatar estas falhas é a utilização  fluidos magnéticos em hipertermia, ou seja, o aumento localizado de temperatura de modo a afetar regiões neoplásicas. Este aumento é efetuado até ao intervalo de 41 ⁰C a  42 ⁰C, já que as metástases apresentam menor resistência ao aumento brusco de temperatura do que as suas células vizinhas. A utilização de nanopartículas, em vez de  de micropartículas, é importante, pois estas apresentam uma resposta melhor à aplicação de  um campo magnético externo , além de absorverem mais energia proveniente deste campo [3].

No caso da ressonância magnética, a dimensão destas partículas também afeta a qualidade das imagens obtidas. Quanto menor for a partícula, maior será a sua duração na corrente sanguínea. Logo, o resultado imagiológico corresponderá a um período de recolha maior, já que existe maior interação entre o agente de contraste e a obtenção da imagem propriamente dita. Também se constata que partículas com diâmetros inferiores a 10 nanómetros promovem um maior destaque nos componentes protónicos dos diferentes tecidos, o que constitui um avanço na obtenção de imagens do sistema cardiovascular e do sistema nervoso [4].

O progresso da tecnologia, no que cabe à utilização de fluidos magnéticos, apresenta, ainda, um longo caminho a percorrer. No entanto, a sua utilização tem-se mostrado indispensável na descoberta de novos métodos terapêuticos e na criação de novas soluções para os impedimentos impostos pela tecnologia atual.

Referências:

[1]  T. Rheinlaender, R. Koetitz, W. Weitschies, e W. Semmler, «Magnetic fluids: Biomedical applications and magnetic fractionation», Magn. Electr. Sep., vol. 10, n. 3, pp. 179–199, 2000, doi: 10.1155/2000/45626.

[2]  S. Dutz et al., «Ferrofluids of magnetic multicore nanoparticles for biomedical applications», J. Magn. Magn. Mater., vol. 321, n. 10, pp. 1501–1504, 2009, doi: 10.1016/j.jmmm.2009.02.073.

[3]  Z. G. M. Lacava e P. C. Morais, «Aplicações biomédicas de nanopartículas magnéticas», Parcerias Estratégicas, vol. 18, pp. 73–86, 2004.

[4]  J. P. B. Falleiros, A. L. Brandl, e A. R. A. da Fonseca, «Aplicações da nanotecnologia no diagnóstico e tratamento de câncer», Nucleus, vol. 8, n. 1, pp. 151–169, 2011, doi: 10.3738/1982.2278.453.

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